Com a câmera na mão e muitas idéias experimentamos à vontade.
Conheci, nessa época, muitos cinéfilos e futuros cineastas (como o Nírton Venâncio e o Firmino Holanda) que transitavam pela Casa Amarela regenciada então pela figura carismática e poderosa do Euzélio Oliveira. Mesmo com a resistência do Euzélio fundamos a Associação de Cineastas Amadores- Associne e, em sua primeira assembléia, fui eleito presidente da entidade. Esquisito, mas não conseguimos ir pra lugar algum com a Associne e, suponho, pela efetiva ligação com a Casa Amarela, ela “dissolveu-se”. Não me frustrei muito porque nessa mesma época estava concentrando meus esforços na montagem do espetáculo “Dois Homens na Mina”, de Henrique Buenaventura. Depois, vendi câmera, projetor e editor e me mandei pro Rio de Janeiro até com a intenção de estudar cinema na UFF em Niterói. Visitei a Universidade e percebi que a escola de cinema andava meio sucateada. Fiquei quieto.
No Rio continuei devorando cinema nas muitas salas. Eram constantes as mostras e festivais o que realimentava o meu “verme” que a cada dia ficava mais vivo e forte. Alguns anos no Rio e retornei ao Cariri no meio da década de 80..
Que decepção! Não encontrei no Cariri nenhuma sala de cinema funcionando a não ser o cine Plaza em Juazeiro do Norte exibindo exclusivamente filmes pornô-eróticos! Que vergonha! Agora os filmes estavam disponíveis apenas em fitas piratas nas locadoras em fitas VHS para exibição caseira. Esta situação até hoje persiste no Crato: o histórico Cine Cassino foi transformado em lanchonete com mesa de sinuca e eventuais “carteados”; o Cine Moderno, após reforma demorada (quase interminável!!! Em virtude da falta de prestação de contas da administração anterior) foi travestido de cine-teatro. Por enquanto, apenas auditório!
Então chegamos aos anos 90. Rosemberg Cariy chega na região para fazer o seu longa-metragem “Corisco e Dada” e me convida para o papel do cangaceiro cantador “Gitirana”. Foi nesta produção que participei ativamente do fazer cinematográfico nacional.
“Como ator, tive uma experiência traumática. Numa das cenas, que ficou registrada no filme, caí sobre uma touceira de chique-chique quando o bando de Corisco fugia tresloucadamente das perseguições dos “macacos”. O Tibico Brasil, que era o fotografo de cena, se esbaldou com a minha pequena tragédia. Clicou tudo! Soube mais tarde, que as minhas nádegas fotografadas, com outras fotos do filme, ficaram algum tempo numa exposição em Fortaleza. Tudo pela arte! “
Na seqüência fiz mais alguns filmes com o Rosemberg: O Auto de Leidiana (ator e assistente), Juazeiro, a Nova Jerusalém (still), Nas Escadarias do Palácio (still e ator), Cine Tapuia (ator e assistente). Depois fui assistente de direção também para Nírton Venâncio no curta-metragem “O Último dia de Sol"; assistente de produção no premiado “No Passo da Veia”, de Jane Malaquias; assistente e still no documentário “A Ordem dos Penitentes", de Petrus Cariri.
Ao passar por tantas produções percebi com clareza que o trabalho de ator no cinema é muito limitado e fragmentado. Não gostei disso. Outra coisa muito pesada é o ritmo alucinante das filmagens. Os altos custos para manter uma equipe de 50-80 pessoas com alimentação, hospedagem e toda uma infra-estrutura que exige o cinema se contrapõem aos poucos recursos captados para a realização da obra. Daí a correria! Em arte, mais vale a realização que o tostão!
Hoje, como exercício da linguagem cinematográfica, tenho escrito alguns argumentos e, sempre que posso, desenvolvido roteiros para curta metragem e um (interminável) longa-metragem.
Luiz Carlos Salatiel
Rio agosto/2007
Conheci, nessa época, muitos cinéfilos e futuros cineastas (como o Nírton Venâncio e o Firmino Holanda) que transitavam pela Casa Amarela regenciada então pela figura carismática e poderosa do Euzélio Oliveira. Mesmo com a resistência do Euzélio fundamos a Associação de Cineastas Amadores- Associne e, em sua primeira assembléia, fui eleito presidente da entidade. Esquisito, mas não conseguimos ir pra lugar algum com a Associne e, suponho, pela efetiva ligação com a Casa Amarela, ela “dissolveu-se”. Não me frustrei muito porque nessa mesma época estava concentrando meus esforços na montagem do espetáculo “Dois Homens na Mina”, de Henrique Buenaventura. Depois, vendi câmera, projetor e editor e me mandei pro Rio de Janeiro até com a intenção de estudar cinema na UFF em Niterói. Visitei a Universidade e percebi que a escola de cinema andava meio sucateada. Fiquei quieto.
No Rio continuei devorando cinema nas muitas salas. Eram constantes as mostras e festivais o que realimentava o meu “verme” que a cada dia ficava mais vivo e forte. Alguns anos no Rio e retornei ao Cariri no meio da década de 80..
Que decepção! Não encontrei no Cariri nenhuma sala de cinema funcionando a não ser o cine Plaza em Juazeiro do Norte exibindo exclusivamente filmes pornô-eróticos! Que vergonha! Agora os filmes estavam disponíveis apenas em fitas piratas nas locadoras em fitas VHS para exibição caseira. Esta situação até hoje persiste no Crato: o histórico Cine Cassino foi transformado em lanchonete com mesa de sinuca e eventuais “carteados”; o Cine Moderno, após reforma demorada (quase interminável!!! Em virtude da falta de prestação de contas da administração anterior) foi travestido de cine-teatro. Por enquanto, apenas auditório!
Então chegamos aos anos 90. Rosemberg Cariy chega na região para fazer o seu longa-metragem “Corisco e Dada” e me convida para o papel do cangaceiro cantador “Gitirana”. Foi nesta produção que participei ativamente do fazer cinematográfico nacional.
“Como ator, tive uma experiência traumática. Numa das cenas, que ficou registrada no filme, caí sobre uma touceira de chique-chique quando o bando de Corisco fugia tresloucadamente das perseguições dos “macacos”. O Tibico Brasil, que era o fotografo de cena, se esbaldou com a minha pequena tragédia. Clicou tudo! Soube mais tarde, que as minhas nádegas fotografadas, com outras fotos do filme, ficaram algum tempo numa exposição em Fortaleza. Tudo pela arte! “
Na seqüência fiz mais alguns filmes com o Rosemberg: O Auto de Leidiana (ator e assistente), Juazeiro, a Nova Jerusalém (still), Nas Escadarias do Palácio (still e ator), Cine Tapuia (ator e assistente). Depois fui assistente de direção também para Nírton Venâncio no curta-metragem “O Último dia de Sol"; assistente de produção no premiado “No Passo da Veia”, de Jane Malaquias; assistente e still no documentário “A Ordem dos Penitentes", de Petrus Cariri.
Ao passar por tantas produções percebi com clareza que o trabalho de ator no cinema é muito limitado e fragmentado. Não gostei disso. Outra coisa muito pesada é o ritmo alucinante das filmagens. Os altos custos para manter uma equipe de 50-80 pessoas com alimentação, hospedagem e toda uma infra-estrutura que exige o cinema se contrapõem aos poucos recursos captados para a realização da obra. Daí a correria! Em arte, mais vale a realização que o tostão!
Hoje, como exercício da linguagem cinematográfica, tenho escrito alguns argumentos e, sempre que posso, desenvolvido roteiros para curta metragem e um (interminável) longa-metragem.
Luiz Carlos Salatiel
Rio agosto/2007
Imagens que ilustram a postagem: fotos/divulgação dos filmes citados: Via Negromonte, em "O Auto de Leidiana"; Patativa do Assaré em "Patativa do Assaré - Ave Poesia"; Chico Dias e Dira Paez, em" Corisco e Dadá" ; Dira Paez, em" Lua Cambará" ; Rosemberg Cariry e Dona Espedita, em "Juazeiro, a Nova Jerusalém"; Cego Oliveira e Filho, em cena de cinema para" Cine Tapuia"; fotografia de cena do fime "No Passo da Véia"; Joaquim Caboclo, em a "Ordem dos Penitentes" e fotografia de cena do filme "O Último dia de Sol", do Nirton Venâncio.
2 comentários:
cara, tem algum jeito de assistir algum filme seu aqui em ssa?
Gustavo,
Estes filmes foram feitos ao longo de pelo menos tres décadas. Os curtas-metragem como "No passo da Véia" e "A ordem dos Penitentes" ou "O último Dia de Sol" - todos diretores diferente - você pode buscar no site portacurtas.com.br. Dos filmes que fiz com o Rosemberg: Patativa-Ave Poesia (estará em mostra especial,em Gramado), Corisco e Dadá (1996), Cine Tapuia(2004), Lua Cambará-Nas Escadarias do Palácio(2002), somente Corisco e Dadá foi pra Circuito comercial e, saiu em DVD (veja alguma locadora daí).
Um grande abraço,
Salatiel
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