TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

"Os Sertões" em Quixeramobim


Quem viu, certamente voltou transformado!
Uma verdadeira concelebração às Artes Cênicas.

O Uzyna Uzona, o grupo do Zé Celso, trouxe para Quixeramobim , esta ópera brilhante de 30 horas de duração !

Um trabalho que começou a ser montado desde 2002,
narrando toda saga de Canudos sob a ótica retiílea de Euclides mas coma lente caoscósmica do grande Zé Celso.

O Espetáculo, apesar da via sacra, é simplesmente emocionante
e teve um público diversificado que simplesmente esgotou todos os ingressos e expectativas.

Quem não viu ainda tem a oportunidade de ir até Canudos a partir do Dia 28 de Novembro onde o Espetáculo vai ser reapresentado na íntegra. Arrume a mala aí!

Um comentário:

José do Vale Pinheiro Feitosa disse...

Zé: com a multidão em Quixeramobim é pouco provável que tenha encontrado o Gianni Mastroianni que espalhou pela internet suas visões do Conselheiro do Zé Celso. Pois bem, em 1972, o 477 ameaçava os estudantes, o AI5 a oposição ao regime, mas tentávamos resistir. Eu ainda morava em Fortaleza. Assistíamos uma aula terrivel de Farmacologia, com um professor furibundo e fascista, escrevendo o quadro negro inteiro frente a nossa sonolência de tanto entusiasmo. De repente entra um grupo de pessoas estranhas de sala a dentro. Entra sem pedir licença, sem dizer nada, entrando sempre em direção ao professor e ao "palco de comando" em que se encontrava. Chegaram e o professor atônito. Não sabia como reagir e nem o que dizer. Era como um repente que nos deixa perplexo antes da reação. Só que o homem ficou tão atordoado que não saiu do lugar. Os invasores tomaram a frente da aula, apagaram o quadro negro e depois dois deles sentaram sobre a mesa do próprio professor e ele não reagiu, nem um suspiro ouviu-se. Aquele grupo silencioso, mas atuante, atordoante, parado olhando para nós, feito babacas, sentados sob as luzes da ditadura. Então um deles começou a falar e era o Zé Celso anunciando sua companhia na cidade com o Rei da Vela, Galileu Galilei e Os Pequenos Burgueses. Pronto ficamos amigos da trope. Passávamos o dia na casa em que se hospedavam, íamos á praia juntos até que um grande amigo, acho que você conhece, o Júlio César Penaforte (irmao do Marcos que foi secretário de saúde na época do Tasso)resolveu acompanhá-los largando faculdade e tudo da vida em Fortaleza. Eu e o Jackson Sampaio, que é do meio acadêmico em Fortaleza, acompanhamos a turma até São Luiz do Maranhão onde naquele belo teatro assistimos outras vezes aos espetáculos. Depois o Cezinha não aguentou a barra e voltou para ser médico. Há uns 40 dias encontrei Zé Celso num restaurante do Aeroporto de Brasília e relembramos a época. Para meu conforto ele me olhou de cima a baixo e disse: tu deverias ser bem novinho na épóca.

E mais a respeito do Zé. Ele andou fazendo um papel de pouca eloqüência num filme pernambucano que aconselho: Árido Movie. Pois o Zé Celso, este ser de extremidades, foi na juventude em sua cidade natal, Araraquara em São Paulo, um perseguidor de comunistas. Ele, junto com a direita elitista da cidade acabava comícios do PCzão. O pai do Zé era Integralista e o nosso radical fazia Anauê com o braço estirado. Aliás pouca biografia do teatrólogo dar conta desta origem política, quem contou-me foi uma amigo de facanhas da juventude dele. Pois é, alguns envelhecem pela direita e outros pela esquerda, pois a grande maioria vai pelo centro com medo da morte.