Tradições de Crato:
a religiosidade do povo
“Foi sempre muito religioso, ainda hoje o é, o povo do Cariri. Vive, como o cearense, a apelar para a misericórdia divina, no decurso de sua existência entremeada de épocas de fartura e felicidades e de misérias e morte”. (Irineu Pinheiro. “O Cariri”, Fortaleza-CE, edição do autor, 1950, página 94).
O Crato, a exemplo da maioria das cidades brasileiras, também nasceu e cresceu à sombra da Cruz. A origem da cidade remonta à construção, no segundo quartel do século XVIII, da humilde capela edificada pelo capuchinho Frei Carlos Maria de Ferrara e dedicada, de modo especial, a Nossa Senhora da Penha, à Santíssima Trindade e a São Fidelis de Sigmaringa.
Desde então, a religiosidade tem sido uma das características do alegre e hospitaleiro povo cratense.
As Procissões são uma das manifestações coletivas dessa religiosidade, como: as de São José, realizadas no dia 19 de março, no Bairro Seminário, a maior de todas que se promovem no decorrer do ano; a de Corpus Christi é a mais carregada de simbolismo, motivando os fiéis a decorarem as ruas centrais para este evento. As calçadas das residências são ornamentadas com pequenos altares, onde não faltam imagens de santos, sobre alvas toalhas, velas e flores.
Em 1° de setembro, temos a Procissão de N. Sra. da Penha, a padroeira da cidade. São realizadas, ainda, as procissões de São Francisco (4 de outubro), a do Domingo de Ramos (que abre os festejos da Semana Santa) e a do “Encontro”. Esta, partindo de pontos diferentes da cidade bifurca-se, quando a imagem de Jesus, carregando a cruz, se encontra com a imagem de Nossa Senhora das Dores, motivando copiosas lágrimas dos fiéis.
Quase todos os bairros do Crato, anualmente, realizam também suas procissões, ao final dos festejos do orago de suas capelas. Assim, temos as procissões de Santa Luzia, São Miguel, Sagrado Coração de Jesus, São José Operário, Nossa Senhora Aparecida, São Sebastião, Nossa Senhora de Fátima, São Vicente Férrer, dentre outras.
Outra forte tradição religiosa do povo do Crato é a chamada “entronização” do Coração de Jesus. Em Crato, também se mantém a tradição das famílias acenderem velas, colocando-as nas janelas externas de suas residências, em datas especiais, como em 2 de fevereiro (Dia de Nossa Senhora das Candeias) e 13 de Maio (Aparição de Nossa Senhora de Fátima).
Todas as comunidades rurais do município possuem suas capelas. No último dia do mês de maio, é realizada a solenidade da “Coroação de Nossa Senhora”. A mais famosa dessas “coroações” é feita, há mais de cem anos, no patamar da Sé Catedral. Registre-se ainda a existência de diversas “Irmandades”, compostas por leigos. Uma delas, a Irmandade do Santíssimo Sacramento, da Sé Catedral, possui até um “braço feminino”, caso único no Brasil.
3 comentários:
Armando,
Muito interessante e salutar a tradição católica cratense. As procissões, exemplos de penitência e louvação ao divino, que todas as civilizações cultuam, são exemplos de nossa grandeza cultural.
Carlos: quando falamos em cultura do Cariri, o que sempre pensamos é nesse universo amplo. Nele, seus cânticos, suas marchas, seus mitos, suas crenças, vive um celeiro de artes e identidades que arde sob nossos pés. É preciso que do Cariri nasça um louco como Glauber, um afoito como o Padre Cícero, um predestinado como o Conselheiro, para que esta base profunda aflore ou se cale para sempre.
O Vale é do Cariri...Por que ele nunca chega? Não sente sede de cascatas sem álcool?
Vem um dia, pelo menos, desenterrar teu umbigo!
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