Emerson Monteiro
Nesses dias em que uma forte bruma parece cobrir o céu de espuma ácida e gente acha que grandes transformações aconteceriam diante da real impossibilidade de outras coisas trágicas acontecerem, vem daí a firme e tal vontade de querer notar nas pessoas e no mundo mudanças radicais que determinassem razões essenciais para continuar nos dramas cotidianos. Portas fechadas. Janelas travadas nos dentes de quem vive escondido, nas comédias clínicas das manhãs vazias. Avisos mil de liquidação nas lojas prósperas dos quarteirões centrais da cidade. Sons, equipamentos dourados, fitas coloridas, mostras carmins de noites exóticas. Nuvens cinzentas que envolvem o sol e parecem dizer frases longas, sem nexo, dessa expectativa fascinante de viver.
Animais vagando nas ruas revezam espaço com seres humanos ainda animalizados.
Os fatores externos, portanto, indicam tempo de chuva no sertão nordestino. Dentro das pessoas ausência de sementes ou sementes escondidas no âmago das criaturas.
Religião mesmo vem das entranhas. Mistérios mil da cachoeira das barras escuras que denotam luz no fim de cada túnel de todos os dias. Mensagens de esperança viajam de endereço a endereço, querendo mostrar cara nova. Quem quer encontrar se depara nas esquinas com a festa da vida.
Só isto, pretender viajar nas estradas amplas do depois sem romper os lanços consigo próprio ou machucar as fuças nos blocos metálicos das letras exige um tanto de haver organizado providências anteriores, sinais planejados e pensamentos contidos.
Agir rápido em termos de querer formas novas em si e, por isso, a leves passos de todo dia caminhar... Pausar... Caminhar... Sempre...
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