Ela (a criadora), ainda teima em ficar escondida, sob o pseudônimo de “Aeronauta” e no quase anonimato de um blog homônimo.
Mas o que é belo sempre é achado. E que achado....
Ela, (a criatura), é uma poesia em forma de prosa ou a prova mais certa do que o erótico e o errático se confundem na boa literatura.
Como rapadura, a vida é dura, mas é doce.
Experimentem um taco...
Mas o que é belo sempre é achado. E que achado....
Ela, (a criatura), é uma poesia em forma de prosa ou a prova mais certa do que o erótico e o errático se confundem na boa literatura.
Como rapadura, a vida é dura, mas é doce.
Experimentem um taco...
Ela
Ela sabe - das manhãs de teu corpo, acordando breve, morno. Do curso dos dias passando nos teus olhos, enquanto chove. Da noite vasta, sentindo em ti as primeiras horas de um sono largo. Do alcance do teu braço num abraço imprevisto...Ela sabe tudo - disso tudo que teu corpo sonha e diz, quase num sussurro... a textura de tua pele, as fissuras nos teus dedos, cada pátina em tua unha revestida. As vírgulas imprecisas no teu rosto, como num rápido senão. E o dorso, então, de tua alma? É fácil, para ela, tocá-la - tua alma, tua alma... como remendar um vaso, peça por peça, um vaso raro, e nessa tarefa nenhuma pressa de terminá-la. Ah, ela também sabe da temperatura que arde, quando teu corpo acende e se parte. De cada parte de teu cabelo um fio que se distende e se perde; de teus velhos sonhos - todos eles que nesse momento se abrem...E como será fácil para ela abraçar-te, e no abraço morrer um pouco, como num salto... Ouvir, de perto, teu hálito transformando em atos palavras tão simples... Como um vento que simplesmente existe...E como será farto para ela almoçar ao teu lado, com o braço perto do teu, num toque adivinhado; um riso que se intercala entre uma fala e um silêncio; um olhar distante, porém apaziguado de qualquer ausência premente... Um estar, mesmo ausente.E depois - todas as noites - com a mão na tua, ela sentirá tudo: teu mundo de foices e mortes, a bravura de poder ser tua quando tudo, em todos os instantes, se desfalece; e a certeza de que poderá reter-te, em partículas de memória, para sempre.
Do blog wwwaeronauta.blogspot.com
2 comentários:
Puxa, Carlos, que bela homenagem! Fiquei emocionada. Agradeço sua generosidade e sensibilidade. Quanto ao blog, é lindo e muito interessante. Parabéns. Bjos.
Aeronauta,
Nós é que agradecemos a oportunidade de nos deleitarmos com sua bela escrita.
Um grande abraço!
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