Certa vez, como sempre, atrasadíssimo, eu caminhava a passos largos pelas ruas do Crato ao lado da minha namorada Ninha. Íamos ao banco, pois estava quase na hora do término do expediente e eu achava que não ia dar tempo.
Subitamente alguém segurou no meu braço direito e me fez parar. Sem que eu dissesse palavra, Zé Roberto França olhou pra mim, beijou minhas mãos e disse:
"Não precisa falar nada. Eu não quero incomodar. Vejo que você está com pressa, maestro! Só lhe interrompi para lhe dizer o quanto lhe admiro e que de todos os músicos que já conheci na vda, você é um dos que eu mais gosto. Você é um gênio. E daqui do cariri, você sabe o que eu penso... você sabe... só quero dizer isso...Tchau"
E largando minha mão, deu as costas e saiu em outra direção rapidamente, sem que eu pudesse pelo menos agradecer como deveria. Minha namorada ao ver a cena toda, olhando pra mim, disse: "Quem é ele ? quem é ele ?, é algum louco ?"
Eu falei:
"É não, Ninha, ele não é nenhum louco. É talvez uma das poucas pessoas dessa cidade que sabe reconhecer o talento das pessoas de forma tão gentil." E fiquei muito emocionado, pois "santo de casa não faz milagres mesmo"...
Então, passados todos esses anos, eu aproveito a oportunidade para agradecer de público àquele gesto sublime que o Zé Roberto fez comigo:
Obrigado, amigo/irmão. Eu não mereço seu gesto, mas você merece sem dúvidas os meus cumprimentos!
- Sua foto para você -
Dihelson Mendonça
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Um comentário:
Dihelson,
Tenho por Zé um carinho todo especial desde os tempos que cruzamos amizade pelos bancos do Colégio Diocesano. O vejo nas minhas andanças pelo Crato, como um Gnomo, que espalha bons momentos de paz, de alegria de viver, de irreverência, e um pouco da dôce irresponsabilidade de lidar com o lado simplório da vida.
No interior do Zé corre um brilho, digno apenas, dos grandes espíritos de luz, que vagueiam nas nossas bonitas lembranças.
Um abraço amigo.
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