TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE

domingo, 27 de abril de 2008

PORTAS SEM FECHADURAS

ANTES DE LER ESTA POSTAGEM, SUGIRO A LEITURA DO POST A SEGUIR ESCRITO POR GIANNI MASTROIANI E QUE MOTIVOU O QUE SEGUE:

meu ser, não abandones as tempestades,
que
desfolharam as roseiras de tua juventude,
e transportaram para
o chão as pétalas sedosas,
as cores
impressionistas de tua alma aprendiz.

tantos galhos quebrados, pedaços lançados,
no turbilhão
que dobra, tanto dobra até partir,
na janela
e feche-a para as ventanias inaceitáveis,
negues demônios
intoleráveis que te oferte morta paz.

meu ser, nunca te adaptes as coisas como estão,
alguém
ou algo lhes deu o estado que não te convém,
aceita a tua natureza
de não aceitar jamais o que é,
no mundo
em movimento, o que é, o é em transformação.

meu ser, diga sempre sim, expirando a palavra não,
o infinito
de Deus, é uma plêiade de astros finitos,
a eternidade
é a pausa da respiração entre o não e o sim,
é como
a harmonia dissonante de tantas vozes se exprimindo.

se queres viver a própria morte, antes negue a renascença,
e tua alma se apascentará nos meandros medievos de Francisco,

chagas te atravessarão as palmas e calma, calma em teu inferno,
de cuja profundidade jamais sairás, este é o conceito primei
ro.


mas abraça o chão que te sustenta, sempre desejando voar,
ama a multiplicidade, sonha com a unicidade e fragmenta-te;
os espaços que entre eles surgirão, de dor ou alívio, são lembranças,
da unidade que se adiciona, se divide e se multiplica em tantos.

viaja, transita nos espaços distantes, com as pás dos ciclones,
junta-te aos objetos que por são jogados, tonteia-te no giro,
retorna ao mesmo que antes estiveste, sabendo da outra volta,
mas, meu ser, não te deixes ficar no olho vazado dos furacões.

banha-te neste rio de batismo, purifica-te de tantas limpezas,
deixa que as águas adicionem a esta superfície que nada tem,
os minerais que nodoam, as manchas que distinguem,
pois o imaculado é a ditadura de uma única nota na canção exilada.

meu ser, quando a ponta do chicote lanhar tua carne, viva de sofrimento,
não dialogues com o acoite e tampouco com a ferida, ambas irracionais;
olha bem fundo nos olhos do rosto cuja mão acionou o corte em ti,
e revele que aquilo não é natural, é apenas a vontade de alguém.



meu
ser, ao sair nas ruas, não te esqueças d
e ti mesmo, no silêncio interior;
o vai e vem da vida, é um tanto que vai e outro que não virá, chegando e saindo;
na marcha a paisagem que revela é crítica, pois é construção de cada um,
contempla-a com senso de transformação e com alguns tragos de preservação.
MUDAPRESERVAÇÃO
PRESERVODIFICAÇÃO

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