UMA QUESTÃO DE SANGUE
Essa é a primeiríssima formação do Fator RH, segunda banda de rock autoral do Cariri. Após o término da pioneira Pombos Urbanos, - que tinha em sua formação Carlos Rafael, bateria e voz; Nicodemos, guitarra e voz; Segestes Tocantins, baixo e voz; e Marcos Lubisome, guitarra - eu, Segestes e Rafael formamos um grupo de ensaio que originou a banda Fator RH. Primeiro Calazans se juntou ao grupo, para tocar baixo. Depois Lupeu foi integrado como vocalista e anarquista. Logo em seguida Calazans trouxe João Eimar para tocar bateria no lugar de Rafael, que passou à linha de frente nos vocais. Estava feita a conspiração, só faltava a guerrilha.
Essa é a primeiríssima formação do Fator RH, segunda banda de rock autoral do Cariri. Após o término da pioneira Pombos Urbanos, - que tinha em sua formação Carlos Rafael, bateria e voz; Nicodemos, guitarra e voz; Segestes Tocantins, baixo e voz; e Marcos Lubisome, guitarra - eu, Segestes e Rafael formamos um grupo de ensaio que originou a banda Fator RH. Primeiro Calazans se juntou ao grupo, para tocar baixo. Depois Lupeu foi integrado como vocalista e anarquista. Logo em seguida Calazans trouxe João Eimar para tocar bateria no lugar de Rafael, que passou à linha de frente nos vocais. Estava feita a conspiração, só faltava a guerrilha.
Corriam os anos 80, a new wave comandava o cenário musical do rock lá fora e aqui começava a todo vapor o chamado Brock. Estávamos lá, inconformados com a falta de oportunidades e com a pasmaceira do quadro cultural caririense. O Fator RH estava na área, não para fazer o papel de testemunha ocular, mas participar de tudo aquilo, mesmo entrando pela porta de trás e sem nenhum convite. Nossa trincheira era o discurso poético, tendo à frente as sacações geniais de Rafael, o cinismo beat de Lupeu e a lisergia do meu universo musical. Ouvíamos de tudo: desde a música independente brasileira até às experimentações da Orchestra Universal de Sun Ra.
Nossas influências eram a música crua do Hasker Dü, do Ramones, Sex Pistols e Raul Seixas, via Segestes Tocantins; a pauleira sem misericórdia do Sepultura e do Slayer, via Lupeu; os blues e a música alternativa brasileira, via Rafael; o experimentalismo de Robert Frip e Frank Zappa, da minha parte; o rock dos anos 70, através de João Eimar; e a poesia bem sacada de Zé Ramalho, através de Calazans. Nosso som era cru, era na veia, era muito mais rock’n’roll do que aquilo que fazia sucesso, como Paralamas, Legião e outras coisas mais intragáveis como Kid Abelha e Gang Noventa. Nosso som estava mais para Talking Heads e Joy Division do que para o heavy metal poser do período; estava muito mais para Isca de Polícia e Tiago Araripe do que para Titans ou Legião.
Era um período difícil demais para quem fazia rock, sendo autoral ainda nem se fala. Não existiam espaços. Nós é que inventávamos, como em encontros de estudantes e campanhas eleitorais do PT. Também não existia público, nós é que inventávamos que tínhamos público. Comprar encordoamento era uma verdadeira aventura, e cara. Quando João Eimar anunciou que tinha uma bateria, foi uma verdadeira festa. Os ensaios valiam mais do que as próprias apresentações. Eram verdadeiras epopéias. Ensaiávamos na casa de Segestes, um sítio, fora do Juazeiro (hoje é o parque ecológico das Timbaúbas). Muitas comédias temos para contar. São lances pitorescos, dignos de um best seller. Essa formação do Fator RH tinha cerca de sete músicas no repertório, o que já era demais. Entre elas figuravam: Nomes, Buraco Negro, Fator RH, Margarete, Marinalva e outras pérolas do cancioneiro rebelde caririense. Pena que eu não lembro onde foi essa apresentação. Sei que era Rafael de bateria e voz; Lupeu nos vocais; eu e Segestes de guitarra; e Calazans no baixo.
Marcos Leonel
8 comentários:
Tempos bons, foi um verdadeiro achado ter me juntado a esses caras. Marcos, com loja disco, onde ensaiávamos, foi lá então, eu desempregado passa seis horas diárias dando espediente ouvindo os discos que não se encontrava em lugar nenhum da região a não ser ali. Essa foto, feita no show do aniversário de Rafael enfrente a rodoviária do Crato tinha umas dez pessoas quanto tocávamos, " A isca" ...não chame a polícia, a isca é outra estória, prefiro outro baile..." o que aparece ali!!! é isso mesmo, a polícia. Até hoje o fã número um da banda o famoso PAPEL, ainda canta, " e aí Calazans tu lembra Daquele show...com aquela música... "..as onda da polícia..., realmente era muita onda.
Precisamos nos juntar novamente para fazer um grande show, está lançado o desafio.
valeu Calazans
saudades desses tempos de muita atitude e pouca responsabilidade
O desafio está aceito, vamos mobilizar os outros.
Um abraço cara
Calazans come�ou tocando em uma tesoura, n�o foi?
Marcos, Calazans e Salatiel!
Considero a Banda Fator RH, enquanto seguimento natural da efêmera Banda Pombos Urbanos a pioneira do rock'n'roll no Cariri, por ter sido a primeira a ter um repertório próprio.
Façamos justiça a outras bandas, como The Tops (essa a pioneiríssima mesmo, ainda na década de 1960) e Os Àguias; mas que não eram autorais.
Esta matéria do Marcos é reveladora de um tempo magistral. Calazans tem a memória correta sobre a foto, tirada por Salatiel após uma apresentação feita no bar que estava inativo, localizado em frente a Rodoviária, e que ocorreu no dia do meu aniversário em 1989. Quem conseguiu o local foi dona Sônia, mãe de Marcos Cunha, que tinha sido candidato a prefeito do Crato pelo PT, em 1988. (Essa história merece um capítulo à parte, pois foi um dos mais bonitos e representativos movimentos de mudança que ocorreu no Crato). E quem ajudou a organizar o evento foi o jornalista Paulinho Mamede, de Fortaleza, que se tornou um grande amigo nosso por conta dessa dita campanha. (E olhe que resolvemos fazer a festa já quase de noite, quando estávamos tomando um banho em uma fonte sopedânea e descobriram que naquele dia eu completava años).
Mas tudo isso é muito particular, pois só nós quatro ainda lembramos disso...
Mas tudo vale a pena se a alma não é pequena
Na realidade quem começou tocando em uma tesoura, um balde, e um pedaço de estátua foi Rafael, no início da Pombos Urbanos, nos ensdaios na casa de Nicodemos, quando ensaiávamos, eu, sem saber tocar guitarra, Rafael e Nicodemos.
Realmente esse foi um tempo decisivo e primordial.
Belos rapazes rebeldes aqueles que, que nem Marinalva, queriam salvar o mundo! Ou mudar, ou se mudar pra l� muito longe do outro lugar que n�o fosse o mesmo!
Muito bom lembrar essa rapaziada. Irreverências mil, mil reverência!
O bom do Rock/Crato começou com êles.
Abraço
valeu Pachelly
abraços
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