Luiz Carlos Salatiel estes dias estive com a Iracema. Quando um diálogo entre vocês dois houver, dê-lhe meu e-mail para que não a perca nesta diversidade carioca. Enquanto tentei anotar meus telefones para ela nos cumprimentos finais da missa de sétimo dia pela Violeta, faltou-me completar o que pretendia. Agora você já sabe que muito mais a seu respeito conheço.
Um muito mais que acrescenta, porém eu já tinha concluído que o Crato precisa tê-lo na política do mundo real. Chamo de mundo real esta vocação subterrânea dos parlamentos (e das Câmaras) traindo o voto popular na pequena troca que troça da democracia ao sujeitar-se ao executivo em crise de epilepsia. Se os conselhos populares, se os conselhos de políticas públicas, se o controle social e se as câmaras promovessem a democracia o executivo teria uma governança maravilhosa da vida da cidade. A sociedade poderia sentir o pé em que se encontra, ter a certeza que o irrealizado não é a corrupção de sua vontade e nem o destino cruel que determina sua insatisfação permanente. O irrealizado é apenas a expressão do que pretendia mas não conseguiu os meios necessários para tal. No passo que segue outros meios construirá e mais realizados terá, reduzindo o déficit que é apenas o histórico da própria usurpação da democracia.
O complexo de estabelecer-se a democracia é que nela tem que haver o povo e povo é toda as gentes, do Romualdo, da Cruz, da Batateira, do Seminário, do Alto de São Francisco, todas as gentes sem adjetivos. O simples é que não existe outra forma de realizar a democracia. Apenas com o parlamento, a contínua manifestação dos conselhos, do controle social e da territorialidade dos desejos é possível a democracia. Um executivo idiota pensa que democracia é aplicar modelos de gestão empresarial à vida política e social de uma cidade. Isso faz a burocracia permanente, bem treinada a servir à sociedade e a gerir o interesse e a coisa pública. O executivo cursa diuturnamente as políticas públicas que a vontade expressa no parlamento e nos conselhos determinar.
A verdade meu caro Salatiel é que os executivos ainda estão viciados nos arranjos de fornecedores, nas prioridades dos setores mais privilegiados, na humilhação dos vereadores através de uma espécie de otorrinolaringologia que os torna afônicos. Não deixa de ser uma mácula imunda o que os deputados e senadores (estaduais e federais) fazem com as verbas públicas. Negociam adrede, fora da região e em detrimento das necessidades gerais, comissões para seu próprio esquema de perpetuar-se como indigno representante do povo. Jamais isso pode ser aceito. Ao final estes indignos se tornam profissionais burocratizados e negocistas da iniqüidade geral, acoimando aqueles de quem dependem. Não merecem o povo que representam, costumam comprar casa fora e fugir com a família para o litoral onde os filhos se tornam cracas iguais aos pais.
Quando traço tais caricaturas não falo de tudo e de todos. Se assim fosse não teria sentido falar do que se fala. Justamente por este desvio não ser universal é que espero que você esteja no mundo real da política. Que a democracia seja exercício de hábito, que a vida seja compreendida naquele espaço e naquele tempo em que tudo afinal acontece. Por isso a cultura é um conceito tão importante para este caminho. É um conceito que junta expressão e comunicação, ou seja o povo como coletivo que pensa no indivíduo e seu reconhecimento do outro. Então Salatiel, a Fundação J. Figueiredo desde já é um patrimônio da democracia. E como tal uma instituição desejosa de rumos que a sociedade lhes dê e apropriada à execução das ações que lhes forem confiadas. Isso tudo transparente, com contratos de gestão e com um conselho do tamanho do nosso povo.
Um comentário:
Zé,
Falei com a Iracema e me disse que conversaram um pouco nesses dias de exéquias que tentaram nos acostumar com a perda de Violeta.
O e-mail dela é iracema@inca.gov.br ou iracema_salatiel@terra.com.br!
Concordo com as suas idéias sobre a responsabilidade do voto. A gente não pode ficar somente de longe contemplando a desgraça que se tornou a política de uma cidade como a nossa e achar que "naturalmente" um caminho será encontrado. Se não houver uma interferência REAL E POSITIVA a gente não vai alcançar um crescimento de qualidade em nossas vidas.
É urgente e necessário que uma interlocução se dê entre o governo´/câmara e a comunidade (zona rural e urbana)e que os eleitos atendam e correspondam aos anseios dela. Os governantes andam em HILUX de vidro fumê e ar condicionado para não sentir o mau cheiro que exala do rio que foi transformado em esgoto e não enxergar ruas e a miséria das casas sem saneamento e não ser importunado pelos desempregados famintos que povoam as praças.
Obrigado pelas palavras de confiança!
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