A morte não é uma desgraça como parte da cultura imagina. Apenas seria a morte uma desgraça se o mundo fosse de outra natureza, sem movimento, portanto sem algo se iniciando, quando então seria uma singularidade no geral. Aí neste caso a vida também não existiria, pois, sem movimento, o mundo nada inovaria. Então a morte é o movimento, igualmente a vida. Só aqueles que se acham necessários ao futuro distante, apenas aqueles que se julgam por sobre o horizonte de todos os vivos, temem a morte e a vêm como uma desgraça. Ao contrário do que muitos pensam ao examinar os besouros que morrem após a cópula que gera filhos, a morte não é necessária para que surja o novo. Apenas a morte, assim como o nascimento são partes do movimento. Também não se busque a noção de eternidade no instinto de sobrevivência, este é o próprio processo da vida e sempre estará presente enquanto sopro houver.
Nem a divergência ou a convergência são desgraças absolutas. Qualquer das duas pode ser desgraça temporária ou relativa. A primeira pode ser uma desgraça quando se descamba em objeto de poder e domínio. A segunda igualmente é uma desgraça quando teima em conservar situação intolerável para uma das partes. Mas se comportam como elementos virtuosos da humanidade como exercício do reconhecimento do outro ou como complemento inovador da visão unilateral. Numa situação em que todos opinam e são responsáveis pelo dizem, tanto podem surgir ciclos viciosos quanto virtuosos, mas ambos são fáceis de observação pelas partes.
Ficar agastado com uma expressão, qualquer que seja, do outro não é um pecado ético ou uma agressão em si. Apenas o método de se agastar é que pode se ajustar ao longo do processo. O que não se pode é criar categorias de agastamento, aquele que pode ou aquele que não pode; ou então aqueles que prejudicam ou aqueles que não prejudicam. Não se pode, pois se agastar é um ato que ocorre simultaneamente à ocorrência do outro. O que se pode ao menos é pedir: fica puto, mas não esculacha. Ou então não deixe de ficar puto com uma coisa deste tipo, pois ficar puto é uma expressão igual a qualquer outra.
Agora ser parte do Cariricult não tem muitas linhas. É ter retornado ao Crato que tão diferente é, que luta com um manto criado, tece para permanecer igual, mas muda como nós mudamos: somos um outro completamente diferente, mas sabemos quem fomos. Tem gente que chama isso de identidade, aos trancos e barrancos, como somos os brasileiros.
Um comentário:
Concordo .
A vida é curta demais ...Melhor aproveitá-la , encarando todos os movimentos , e neles nos encaixarmos !
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