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quarta-feira, 9 de julho de 2008

PARALELO DA IMPORTÂNCIA DA AMAZÔNIA PARA O BRASIL E A FLORESTA NACIONAL DO ARARIPE PARA O CARIRI


A floresta Amazônica possui aproximadamente 5,5 milhões de km², sendo que 60% no Brasil, e o restante (40%) na Colômbia, Equador, Bolívia, Guiana, Guiana Francesa, Peru, Suriname e Venezuela. No Brasil, a floresta é chamada de Amazônia Legal e abrange os Estados do Amazonas, Amapá, Mato Grosso, oeste do Maranhão, Pará, Rondônia, Roraima, Acre e Tocantins.
Enquanto isso temos a nossa FLONA, situada em uma região onde as condições de clima e solo predispõem a desertificações, onde a redução da área de cobertura vegetal nativa entre 1984 e 1990 atingiu 274.950 km2 e em um Estado onde a área antropizada atinge 84%, esta nossa floresta tem uma importância relevante na manutenção do equilíbrio hidrológico, climático ecológico e edáfico do complexo sedimentar do Araripe. É situada na Região Nordeste do Brasil, no extremo sul do Estado do Ceará, na Chapada do Araripe, abrangendo parte dos municípios de Santana do Cariri, Crato, Barbalha com uma área de 39.262,326 há, criada pelo Decreto 9.226 (02/05/1946), sendo assim a primeira do Brasil.
As florestas, Amazônica e do Araripe tem em comum o fato de serem densas e fechadas, o que dificulta a sua penetração e ocupação, higrófitas (adaptada a grande umidade), perenifólia e sub-perenefólia respectivamente (apresenta folhas verdes nas copas durante o ano todo), e latifoliada (folhas grandes e largas). Possui grande biodiversidade (variedade de espécies animais e vegetais).Há milhões de anos, a área onde estão localizadas era um mar e, por isso, elas apresentam solos geologicamente pouco férteis e arenosos. As florestas derrubam seus galhos, frutos, folhas, animais morrem, etc. formando uma camada superficial de matéria orgânica que se decompõe e transforma-se em húmus que, por sua vez, alimenta a vegetação. É bom frisarmos que a FLONA do Araripe fomenta e protege as matas existentes na Chapada como também protege as nascentes da área, conserva a fauna, além de promover facilidades de recreação pública e de combater incêndios florestais ocorridos na área.
As duas Florestas se auto-sustentam, pois se mantém produzindo o seu próprio alimento e criando um ciclo de carbono relativamente fechado. Por isso quando são queimadas ou desmatadas e se desenvolve a agricultura durante alguns anos, em grandes áreas, a dinâmica da floresta é interrompida e os nutrientes depositados são consumidos. É necessário muito tempo para elas se recuperarem ou, pior, as florestas podem entrar em um processo de degradação com processos erosivos intensos, principalmente a nossa FLONA que se situa boa parte nas vertentes da Chapada do Araripe. O ciclo de oxigênio também é algo polêmico por que alguns autores chamam a Amazônia de pulmão do mundo, querendo dizer que ela produz muito oxigênio para o planeta todo, o que não é verdade: apesar de produzir muito oxigênio, pelo processo da fotossíntese, este é consumido à noite e pela decomposição da matéria orgânica.
A Amazônia é muito importante para o ambiente do planeta, pois ela fixa o carbono da atmosfera, através do crescimento das plantas e da fotossíntese, reduzindo, assim, o efeito estufa. Ela reduz a variação da temperatura junto ao Equador, atuando como um aparelho de ar condicionado, caso a floresta não existisse a grande variação diária de temperatura poderia provocar deslocamentos intensos de vento o que mudaria o clima terrestre. Já a nossa FLONA juntamente com a Chapada, guardando suas devidas proporções tem uma importância talvez até maior para nossa região, pois quando denominamos que o Cariri é um enclave úmido no sertão nordestino, isso se deve ao fato da existência da Chapada, que devido sua altitude em torno de 900 a 950 metros de altitude, condiciona a existência desta floresta plúvio-nebular na vertente voltada para o Ceará, onde denominamos de barlavento, pois o paredão da chapada barra as massas úmidas promovendo assim maior umidade na região da encosta e conseqüentemente as chuvas orográficas ou de relevo.
Também não podemos esquecer que a Floresta Amazônica abriga um grande número de povos indígenas, sem falar em sua riqueza de matéria prima variada (remédio, minerais, alimentos, etc). Em uma análise por satélite da Amazônia, foram identificados 104 sistemas de paisagens, o que revela uma alta diversidade e complexidade de ecossistemas.
As árvores da Amazônia variam entre 40 e 300 espécies diferentes por hectare. Das 250.000 espécies de plantas superiores da terra, 170.000 (68%) vivem exclusivamente nos trópicos, sendo 90.000 na América do Sul.Podemos dividir a floresta Amazônica em três grandes grupos:1) Florestas de Igapó: ocorrem em solos que permanecem alagados durante cerca de seis meses, em áreas próximas aos rios. As árvores podem atingir até 40 metros de altura e raramente perdem as folhas - geralmente largas para captar a maior quantidade possível de luz solar. Nas águas aparecem as folhas da vitória-régia - que chegam a ter 4 metros de diâmetro. Ocorrem associadas aos rios de água branca.2) Florestas de Várzea: as árvores são de grande porte (até 40 metros de altura) e apresentam características semelhantes ao igapó - embora a várzea apresente maior número de espécies. Ocorrem associadas aos rios de água preta.3) Florestas de Terra Firme: apresentam grande porte, variando entre 30 e 60 metros; o dossel é contínuo e bastante fechado, tornando o interior da mata bastante úmido e escuro. Esta formação está presente nas terras altas da Amazônia e mescla-se com outros tipos de associações locais, como os campos e os cerrados amazônicos.
A Floresta Nacional do Araripe com uma área: 38.626,32 há, tem sua cobertura vegetal também bastante complexa com 10,95% de Floresta úmida semiperenifolia, a Mata de transição floresta úmida/cerrado, representa 48,53% da mesma, onde temos 27,49% de Cerrado, ficando 1,52% de Carrasco e restando 11,52 de Floresta úmida degradada pelo fogo.A Floresta Nacional do Araripe apresenta diferentes fisionomias, classificadas por Lima, Mauro F. em:Floresta Úmida Semi-Perinifólia: Principais espécies: Jatobá (Hymenaea spp.), Pau d'arco (Tabebuia spp.), Murici (Byrsonima spp.), Pau d'óleo (Copaifera langsdorfil Desf.), etc.Transição Floresta Úmida/Cerrado: Espécies: Piquizeiro, Visgueiro, Faveira, Janaguba, Lacre, etc. Cerrado: Piqueteiro, cajuí amarelo, etc. Carrasco: Catuaba, Jiquiri, Muvanã, Cidreira brava, Jurubeba, etc.Floresta Úmida Degradada pelo fogo: Constitui uma formação atípica, ideal para estudo de impacto do fogo sobre a floresta. Representa bem o efeito dos incêndios que anualmente preocupam e ocupam os servidores da FLONA-Araripe. O comprometimento da matéria orgânica, e do sub- bosque, levam ao empobrecimento da floresta, provocando um retrocesso na sucessão vegetal.A avifauna: Segundo Teixeira, Dante M., são 34 gêneros totalizando 88 espécies, das quais duas são incomuns na região, uma é rara e duas fazem parte da lista dos animais ameaçados de extinção. Algumas das aves da FLONA- ARARIPE citadas pelo nome Azul, Periquito, Chorró, etc.A mastofauna: veado, cotia, tatu, tamanduá, onça, gato-do-mato, raposa, morcego, guaxinim, etc.Herpetofauna: Teiú, camaleão e algumas espécies de cobra dos gêneros Bothrops,Crotalus e Micrurus.Insetos: sem dúvida a entomofauna da Floresta do Araripe é muito rica. As ordens mais abundantes são coleoptera, isoptera, homoptera, hemiptera e hymenoptera. Temos a certeza da importância da FLONA – Chapada para nossa região.
É imensurável, mas nestas poucas linhas espero ter despertado a importância de cuidar da nossa FLONA, mas também pretendo atingir os educadores ou todos aqueles que tem a missão de educar, que só se cuida quando se ama e só se ama quando se conhece, e este imenso laboratório natural que é a Chapada, juntamente com sua FLONA, estão ai para serem estudados por nós e nossos educandos. Devemos estimular mais as visitas, caminhadas, ou seja as Aulas de Campo, só assim formaremos uma juventude com espírito de zelo e cuidado com a natureza.
Tenho um bom acervo de roteiros e Projetos de Aulas de Campo na região do Cariri, no Nordeste e Brasil, que posso disponibilizar aqueles que se interessam e entendem que o aprendizado em quatro paredes é importante, más junto a natureza é bem melhor!

Saudações Geográficas!
João Ludgero

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