UM LIVRO HISTÓRICO
“História Social da Música Popular Brasileira” é o que se pode chamar de obra de fôlego, escrito por quem conhece do assunto e tem uma perspectiva fenomenal sobre as incidências dos fatos que compõem o momento histórico na formação estética, na criação e propagação dos produtos musicais e suas relações com o mercado.
Nesse livro, José Ramos Tinhorão, velho conhecido dos chavões da música popular brasileira, faz um verdadeiro apanhado científico da formação musical brasileira. É um livro escrito para o mercado europeu e depois lançado no Brasil. Apesar do aspecto cientificista, de ensaio sociológico e antropológico, Tinhorão não larga mão do seu estilo crítico, radical e intolerante.
Em “História Social da Música Popular Brasileira”, Tinhorão analisa meticulosamente os momentos históricos referentes a cada período da formação musical brasileira, desde o período da colonização até o período do Tropicalismo. Existem nessa obra uma riqueza de detalhes e um caráter de pesquisa impressionantes. A análise paralela que ele faz do mercado fonográfico face ao desenvolvimento do capitalismo e da tecnologia é de uma lucidez sem tamanho.
Pode ser que para o apreciador apenas da música, sem intuito de pesquisa, a linguagem seja muito acadêmica e o estilo muito pesado. Realmente não existe em nenhuma parte desse livro qualquer possibilidade de bom humor, ironia ou cinismo. O livro é escrito em tom didático o tempo inteiro. Para quem quer se aprofundar na estruturação do imaginário musical brasileiro, bem como na formação cultural de um povo através da música, essa é a pedida exata.
Os primeiros capítulos, das partes I, II e III, referentes respectivamente à Cidade em Portugal; Brasil Colônia; e Brasil Império, assumem aquela velha tonalidade monográfica, tornando a leitura muito sacal. Mas é só passar essas partes que o livro toma corpo e clima. O restante da leitura é gratificante, embora muito maçante em algumas outras passagens esporádicas.
Agora nem tudo o que reflete nesse livro tem brilho. É necessário que o leitor saiba quem é Tinhorão e entenda o seu radicalismo, por vezes exagerado, por vezes descartável. Tinhorão é respeitado e admirado por muitos, como também detestado e execrado por outros tantos. São conhecidas demais as suas rixas públicas com Caetano Veloso, Chico Buarque e vários outros artistas. O extremismo de Tinhorão tem as cores, muitas vezes, do leninismo, com um socialismo ultrapassado e piegas, cheio de xenofobismo e aversão aos experimentalismos.
O capítulo sobre o Tropicalismo é muito interessante, a partir da análise precisa que o autor faz do momento histórico, da evolução política e tecnológica, bem como do monopólio da chamada cultura de massas. No entanto, a visão particular que ele dedica ao resultado final do fenômeno tropicalista, chega a ser hilariante, sem a menor condescendência à interação cultural entre os povos, negando o processo de globalização que se fosse racional fazê-lo.
Ele trata as tendências pop, via rock, como uma manifestação das trincheiras americanas de aculturamento das nações submissas, com aquela concepção pueril de que o guaraná é muito melhor do que a coca-cola e que um tango pega bem melhor que um blues. Mas isso é o de menos, pois esse é um livro de fato mais do que recomendável, ele é insubstituível, até o momento.
“História Social da Música Popular Brasileira” é o que se pode chamar de obra de fôlego, escrito por quem conhece do assunto e tem uma perspectiva fenomenal sobre as incidências dos fatos que compõem o momento histórico na formação estética, na criação e propagação dos produtos musicais e suas relações com o mercado.
Nesse livro, José Ramos Tinhorão, velho conhecido dos chavões da música popular brasileira, faz um verdadeiro apanhado científico da formação musical brasileira. É um livro escrito para o mercado europeu e depois lançado no Brasil. Apesar do aspecto cientificista, de ensaio sociológico e antropológico, Tinhorão não larga mão do seu estilo crítico, radical e intolerante.
Em “História Social da Música Popular Brasileira”, Tinhorão analisa meticulosamente os momentos históricos referentes a cada período da formação musical brasileira, desde o período da colonização até o período do Tropicalismo. Existem nessa obra uma riqueza de detalhes e um caráter de pesquisa impressionantes. A análise paralela que ele faz do mercado fonográfico face ao desenvolvimento do capitalismo e da tecnologia é de uma lucidez sem tamanho.
Pode ser que para o apreciador apenas da música, sem intuito de pesquisa, a linguagem seja muito acadêmica e o estilo muito pesado. Realmente não existe em nenhuma parte desse livro qualquer possibilidade de bom humor, ironia ou cinismo. O livro é escrito em tom didático o tempo inteiro. Para quem quer se aprofundar na estruturação do imaginário musical brasileiro, bem como na formação cultural de um povo através da música, essa é a pedida exata.
Os primeiros capítulos, das partes I, II e III, referentes respectivamente à Cidade em Portugal; Brasil Colônia; e Brasil Império, assumem aquela velha tonalidade monográfica, tornando a leitura muito sacal. Mas é só passar essas partes que o livro toma corpo e clima. O restante da leitura é gratificante, embora muito maçante em algumas outras passagens esporádicas.
Agora nem tudo o que reflete nesse livro tem brilho. É necessário que o leitor saiba quem é Tinhorão e entenda o seu radicalismo, por vezes exagerado, por vezes descartável. Tinhorão é respeitado e admirado por muitos, como também detestado e execrado por outros tantos. São conhecidas demais as suas rixas públicas com Caetano Veloso, Chico Buarque e vários outros artistas. O extremismo de Tinhorão tem as cores, muitas vezes, do leninismo, com um socialismo ultrapassado e piegas, cheio de xenofobismo e aversão aos experimentalismos.
O capítulo sobre o Tropicalismo é muito interessante, a partir da análise precisa que o autor faz do momento histórico, da evolução política e tecnológica, bem como do monopólio da chamada cultura de massas. No entanto, a visão particular que ele dedica ao resultado final do fenômeno tropicalista, chega a ser hilariante, sem a menor condescendência à interação cultural entre os povos, negando o processo de globalização que se fosse racional fazê-lo.
Ele trata as tendências pop, via rock, como uma manifestação das trincheiras americanas de aculturamento das nações submissas, com aquela concepção pueril de que o guaraná é muito melhor do que a coca-cola e que um tango pega bem melhor que um blues. Mas isso é o de menos, pois esse é um livro de fato mais do que recomendável, ele é insubstituível, até o momento.
Marcos Leonel
Só para divulgar o blog: http://peduvido.blogspot.com/
2 comentários:
Marcos Fico impresionado comomesmo em Crato, com todo apelo ao regionalismo provinciano que as cidades menores acabam tendo, você consegue fazer uma boa análise do livro de Tinhorão sem cair no maniqueísmo de ou isso ou aquilo. Ele faz uma boa pesquisa histórica mas se perde num nacionalismo datado e isolacionista quando trata da música brasileira mais recente. Mas o importante é conseguir não descartálo, dado sua intolerância, e perceber o que ele tem de importante.Fico contente quando vejo um pensamento mais complexo nesse blog.
Valeu Maurício.
Apesar de tudo Tinhorão é um mestre, autor de vários livros interessantes. Os livros são importantes, sem dúvida nenhuma, mas o que fazer com eles é muito mais.
abraços
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