TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE

terça-feira, 26 de agosto de 2008

Acordo ou desacordo?

Antunes Ferreira


A polémica está instalada. Muito se tem escrito sobre este importantíssimo assunto. Uma parte significativa, embora nem de longe maioritária, aqui em Portugal tem produzido coisas perfeitamente inauditas. Plagiando e adaptando o Cristo na cruz - «Pai perdoai-lhes que eles não sabem do que escrevem…
Quando nos referimos ao Acordo Ortográfico, estamos a falar de quê? Foi um tratado assinado em 1990 entre os sete países de língua oficial portuguesa de então. Estabelece regras ortográficas, ou seja como escrever palavras. E pretende uniformizar a grafia do Português. Hoje, falado e escrito em todos os continentes. Há quem não esteja de acordo… com o Acordo. Estão no seu pleno direito. Mas, por favor, não se asneire sobre o tema.
Se certos pontos do Acordo Ortográfico fossem como alguns dos seus inimigos julgam que são, realmente ele seria de combater com todas as forças. O lisboeta Jornal das Letras escreveu que há gente com responsabilidades que acredita que em Portugal vamos deixar de escrever facto, que é substituído por fato. Falso. A ser verdade, seria um absurdo de todo o tamanho. Custa a perceber que haja quem acredite em tais tolices.
Também aqui em Portugal se escreveu que pacto passaria a pato. Uma total imbecilidade. O Acordo é ortográfico, não muda a pronúncia de nenhuma palavra; só muda o modo como algumas se escrevem. Logo, cretinice aguda…
O tratado multilateral não altera a pronúncia de qualquer palavra. Isso é a verdade para uma reforma ortográfica. Um exemplo: quando em Portugal se aboliu o acento de idéia e se passou a escrever ideia, a consonância não se alterou. O e continuou aberto; não se tornou semelhante ao de feia.
Permito-me resumir: Há quem concorde quem discorde. Mas, costuma dizer-se que só os burros (leia-se asnos, mas há muitos outros…) não mudam. Penso que temos de andar para a frente e escrever da mesma maneira quando se escreve na Língua Portuguesa, esteja-se onde se estiver. O Mundo é grande. Os mares grandes são. Mas, o também grande autor Português Virgílio Ferreira escreveu: «Da nossa Língua vê-se o mar…»

Quem É Antunes Ferreira, de Lisboa ?
Jornalista, antigo Chefe da Redacção do Diário de Notícias (1975-1991) e escritor, dizem... Escrevo porque gosto, ponto. E gosto que os outros gostem do que escrevo. Originário de Direito, licenciado e mestre em Jornalismo e Comunicação. Muitas outras coisas mais: homem dos sete ofícios... Casado há 45 anos, sempre com a mesma mulher, Raquel, três filhos, três noras, quatro netos e uma neta. Agora dei em escritor: lancei em 15 de Abril o me(a)u livro de contos «Morte na Picada». Estórias da guerra de Angola, anos sessenta, em que, infelizmente e bem contra-vontade participei.

VEJA MAIS NO BLOG: http://www.travessadoferreira.blogspot.com/
Estamos abrindo esta janela CARIRICULT para os patrícios da margem oposta do atlântico com esta primeira postagem de outras tantas que estarão por vir. Seja bem vindo Henrique!

3 comentários:

Antunes Ferreira disse...

É com muita honra, prazer e orgulho que passo a fazer parte desta equipa excelente. Daqui, de Portugal, na outra margem do Oceano que nos une e através do qual Pedro Álvares Cabral chegou à Terra da Vera Cruz, espero corresponder ao convite que o Luiz Carlos Salatiel me endereçou.

Esta é o primeiro dos RECADOS PORTUGAS (que será a cabeça da Secção). Por enquanto, a grafia que pratico é a nossa, de Portugal e de vários outro Países da Lusofonia.

Depois, com a entrada em vigor do Acordo Ortográfico, se verá como será. Oxalá bem, sem traumas, p0r parte dos utilizadores que somos todos nós. E pelo lado dos especialistas (e dos que dizem que o são...) que não surjam grandes revoltas face à revolução ortográfica. Cruzemos os dedos: vai tudo correr bem.

Desculpem o comentário sobre texto meu. Mas achei necessário fazê-lo. Se não concordarem - digam, postando. Muito obrigado

Concha Pelayo/ AICA (de la Asociación Internacional de Críticos de Arte) disse...

Hola amigo. He llegado a su blog a través de otro amigo. Precisamente soy, como usted, periodista y escritora. Al menos, escribo y colaboro en varios medios. Es mi pasión, como la suya. Me gusta escribir y que a los demás guste lo que escribo.
He estado en Lisboa la semana pasada y, cada día, veía la sede del Diario de Noticias.

Ustedes los portugueses son privilegiados de tener una ciudad como Lisboa y unos lugares tan espléndidos y curiosos.
Saludos.

Tânia N. disse...

A equipe é realmente de altíssimo nível, parabéns!
Beijocas, Rostinhos Bonitos.