TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE

sábado, 2 de agosto de 2008

MPB (Muita Poesia Brasileira)

Não leve flores (Belchior)

Pra Salatiel

Não cante vitória muito cedo, não.
Nem leve flores para a cova do inimigo,

que as lágrimas do jovem
são fortes como um segredo:
podem fazer renascer um mal antigo.


Tudo poderia ter mudado, sim,
pelo trabalho que fizemos, tu e eu.
Mas o dinheiro é cruel
e um vento forte levou os amigos
para longe das conversas, dos cafés e dos abrigos,
e nossa esperança de jovens não aconteceu, não.
Palavra e som são meus caminhos pra ser livre,
e eu sigo, sim.
Faço o destino com o suor de minha mão.
Bebi, conversei com os amigos ao redor de minha mesa
e não deixei meu cigarro se apagar pela tristeza.
- Sempre é dia de ironia no meu coração.
Tenho falado à minha garota:
- Meu bem, difícil é saber o que acontecerá.
Mas eu agradeço ao tempo.
o inimigo eu já conheço.
Sei seu nome, sei seu rosto, residência e endereço.
A voz resiste. A fala insiste: você me ouvirá.
A voz resiste. A fala insiste: quem viver verá.

2 comentários:

LUIZ CARLOS SALATIEL disse...

A gente era feliz e sabia!
Um grande abra�o Rafa, extensivo a Ravena, Talita, P. Rafinha e a Francinilda.

Marcos Vinícius Leonel disse...

Poeta, esse disco é memorável.
Se Belchior tivesse feito só esse disco, teria entrado para a história de todo jeito.