Sem endereço
A sombra deixou
O prato de comida na mesa
E saiu sorrateira, sem explicações
Dizem que se foi com o povo do circo
De manhã as dadivosas maçãs estavam intactas
Sonhavam com monitoramentos eletrônicos
Do outro lado da rua estavam os bisbilhoteiros
Eles seguravam fios elétricos e deixavam
Escorrer dos narizes, veios de agonia
Velhas ideologias hibernavam
Enquanto um sábio zombeteiro
Achava-se dono do mundo inteiro
Só aquele cara soturno
Vasculhou trinta e duas sacolas de plástico
Mais vinte e seis contas perdidas
Uns quarenta isqueiros mofados
E uma meia dúzia de honestidade
Mas a sombra já tinha ido
Com o povo do circo
2 comentários:
Marcus, tenho observado a poesia cariri e, já não falo aqui nem no formato "letra de música", mas, no direcionamento à linguagem poética mesmo e vejo que ninguém se descuidou de evoluir. Ninguém, ou quase, está ultrapassado. Outra coisa boa é o surgimento proveitoso da nova geração que hoje escreve com invejável propriedade. Bom isso!
Valeu Pachelly,
realmente existe muita gente escrevendo bem, o blog cariricult é uma vberdadeira matriz da poesia contemporânea.
vlw
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