TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE

terça-feira, 21 de outubro de 2008

CANÇÃO DE BOIS


Canção de bois
Vem até mim pelo ar, pelo vento em meus cabelos
Assim como se foi,
Como foram meus apelos,
Sem ninguém os escutar.

Canção de bois aqui. Me olha bem no canto dos meus olhos,
Me ouve no gemido dos meus ais.
Segura a lágrima que doura o chão deste sertão quando cai,
Como este vento enverga os trigais.

Canção de bois vem aqui me falar,
Fala para essa gente cega, que fala sem escutar.
Fala que eu também sei cantar, que lira de mim ainda geme
Mesmo que me venham açoitar.

Que danço um balé macrabro
Mas que mesmo ferido, não abro os olhos
Só para ter que chorar.

Canção de bois, eu aqui neste entardecer
Sou o sol que dardeja o calor infinito
E que só cessa o calor, quando por pena
Ouve da lua mil apelo(s) em gritos...

2 comentários:

Marta F. disse...

Sávio, só tuas poesias já dariam um bom recital, mas se pretende usar as que são publicadas no cariricult, autorizo as minhas e avise quando for acontecer, que eu poderia até comparecer pra conferir.

Antonio Sávio disse...

Olá Marta. É um prazer poder ler de você tais palavras. Pretendo sim fazer um recital, mas ainda não sei quando. Assim que tiver para acontecer certamente lhe aviso.
Um forte abraço.