TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Covardia

a cova ardia


é preciso crer piamente na verdade que se crê
e além disso encontrar o meio da rua
ela continua tua
à velocidade minha,
de quem passa, quem caminha...

juntos
não vamos a festas,
não vamos a bares,
não vamos de mãos dadas
lençóis furtivos
pacto de liberdade, ou impacto

o corpo social é o ser legendado
insignificante num quarto
regras se criam onde falta
na rua é onde se está mais nú

entretanto,
sem lençóis brancos
se enrola sujo
depois, nem toda mancha sai
coarando o pano

juntos
e distantes
íntimos e inacessíveis
mundos à parte
e gavetas cheias de papéis

a caravana só quer alegria!alegria!
e no absurdo absoluto
entender nossa recompensa
em fazer poesia, em fazer poemas...

4 comentários:

Marta F. disse...

Aurélio mandou me dizer que a escrita correta é "quarando",OK.

socorro moreira disse...

Minha avó usava muito essa palavra. Tem que deixar a roupa quarar...
Tem que deixar a alma quarar.
A minha tem tantas manchas !
Um abraço , Marta.

"A cova ardia " - Impagável !

Domingos Barroso disse...

Poema massa,
com ou sem nódoas.
Abraços.

José do Vale Pinheiro Feitosa disse...

Cara Marta é o mesmo que corando, do verbo corar, dar cor ou clarear a roupa ao sol. Como vês usastes um termo muito próximo, assim como diz o nosso povo por alguma adapatação fonética. Agora ao poema. Muito bom. Mas eu sinto que você, pelo que leio, está muito mais para estes versos:

"banha-te neste rio de batismo, purifica-te de tantas limpezas,
deixa que as águas adicionem a esta superfície que nada tem,
os minerais que nodoam, as manchas que distinguem,
pois o imaculado é a ditadura de uma única nota na canção exilada."