TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Dos Mistérios

Os arcanjos e arqueiros
Estão locados entre as pedras
Esperam sem asperezas o meio dia
Retirar suas tolhas de mesa

O terreiro é vasto
Mas os cães dominam o medo
Quando não eles adubam
A terra com uréia desguarnecida

Os ponteiros do relógio
Roçam o tempo com memórias
Não ficamos mais jovens agora
Perdemos os fósforos no escuro

Quem se jogar da janela agora
Vai encontrar espantada
Uma fila de ônibus que espera
Estão todos calados agora

Os cães amofinam
Regojitam o ar das narinas
Sinto o espírito de Francisca
Que volta sem sorrir

Ao que digo sentado sobre
Os calos e os calcanhares
Quem vem lá? Quem vem lá?
É de paz? É de paz?

4 comentários:

Domingos Barroso disse...

Tua poesia pousa sobre um plano épico.
Mesmo que não queiras.
Mesmo que haja jogos de esferas.
Abraços, meu camarada.

Carlos Rafael Dias disse...

É sempre bom saber o quem vem de lá.
É sempre providencial repetir a perguntar: quem vem de lá?
Quem vem de lá sabe muito bem o que aquilo e isso lá são.

Marcos Vinícius Leonel disse...

abraços, poetas, abraços

correção de dois erros de digitação:
faltou o "a" de toalha
e o "r" de regorjitam

vlw

José do Vale Pinheiro Feitosa disse...

Marcos: a poesia é, também, um espectro de algo não de todo revelado. Não de todo revelado pelo poeta. E desta dúvida entre quem se joga pela janela, Francisca e quem vem lá, retorna-se às locas de pedras das quais se avistam os cães que regorjitam o ar que respiram. Ou seja na volta ao princípio do poema, o poeta nos torna espectro de um átimo de revelação.