TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE

sábado, 15 de novembro de 2008

PELA ARTE POPULAR

No festival cariri das artes, mais uma vez nossa terra em festa.
Carregando a obrigação de tratar da cultura, mais uma vez se vê, pessoas com muitos sonhos. Tão difícil, se sabe, cumprir essa obrigação. Principalmente, considerando que existe todo um jogo de interesses relacionado à comercialização no sentido do alcance de lucro, manipulando os eventos que ocorrem pela sociedade.
Não preciso nem destacar, pois tudo é do conhecimento, ou basta ter um só momento e querer observar.
Pensando que as coisas não acontecem por acaso, vale relembrar as considerações feitas por Gramsci, que há uma classe de intelectuais necessária a uma estrutura existente.
Alguma reflexão há pelas linhas que seguem.
Mesmo considerando o espaço que é criado nesse evento, é uma coisa perigosa uma só entidade ser a grande/única patrocinadora de momentos tão importantes. O SESC é vinculado/subordinado a Federação do Comércio, instituição que tem suas tendências políticas bem definidas.
Claro, pode-se questionar a não atuação de secretarias municipais, universidades, associações representativas de classes etc. Acho, realmente, que tais momentos deveriam ser desenhados como fruto de debates entre agentes relacionados aos interesses locais.
Afirmo mais uma vez e sem nenhum receio que não simpatizo com isso e, faço questão de destacar o respeito às pessoas bem intencionadas e aos vários talentos importantes que nesse espaço circulam.
Há uma programação que é ideal, para alguém: DJ´s como proposta de cultura. Um momento que nada tem de popular, pois se configura em uma festa reservada. Penso se no lugar disso não haveria a oportunidade de criar um espaço e/ou melhores condições para outras pessoas participarem.
Mas, ainda bem que nem tudo é feio: alegria pela luta dos cocos, felicidade pela oportunidade de ter visto expressões artísticas que realmente elevam essa terra.
Leonardo Silveira
Professor da URCA e Músico

3 comentários:

Marta F. disse...

João, sua opinião vale para qualquer cidade onde o Sesc ainda é a única instituição realizadora de eventos culturais, e se retrocedermos na história veremos o salto da iniciativa privada nas últimas décadas em detrimento das instituições públicas. Se hoje estamos nas mãos do mercado, artístico ou não, devemos à falta de participação popular, de formação de gente, de tímida orientação para atingir um nível crítico no padrão do senso comum...e resta-nos uma gratidão de soslaio pelos eventos e momentos proporcionados à altura e acima do merecimento e gosto populares.
Parabéns pelo texto coerente.

João Ludgero Sobreira Neto Ludgero disse...

Marta, ontem em deparei com um absurdo, não pelo valor de 10 R$ que tinhamos que pagar, mas pelo fato de se privatizar uma via pública do Crato á rua José de Brito, ou seja para se ter acesso tinha que pagar para entrar. o SESC conseguiu culturalmente destruir um ditado popular: A RUA NÕA É DO POVO E A CULTURA NÃO É POPULAR !

Ludgero!

João Ludgero Sobreira Neto Ludgero disse...

Obs: Marta o texto não é meu e do Professor Leonardo, mas concordo plenamente com ELE.

Ludgero