Há cerca de um mês estive viajando pelo sudoeste do Maranhão. Na verdade, foi uma viagem conjunta, empreendida com Armando e Zé Bento. E foi Zé Bento quem armou todo o esquema, ou como se costuma dizer, o plano de viagem. Foi ele quem fez o convite para que o acompanhasse, visto que ele queria refazer uma longa e sentimental jornada, iniciada em 1974 e que se prolongou até 1980. Este foi o período em que ele viveu naquela região; inicialmente em Imperatriz, depois em Carolina e, por fim, em Porto Franco, onde passou a maior parte desse tempo. Depois que saiu de Porto Franco, havia retornado lá apenas duas vezes, e em rápida passagem. Portanto, planejou uma passagem mais demorada, para reencontrar os muito amigos que lá deixou e para relembrar um tempo que pra ele foi de muitas descobertas, alegrias e camaradagem. Perguntou, pois, se eu topava dirigir uns dois mil e quinhentos quilômetros. Disse que sim sem pestanejar. Além do mais, estava de férias. Umas férias por demais atípica, pois Fran estava trabalhando e os filhos, em aula. Não tinha feito uma única viagem nessa folga e restava-me só mais uma semana... Armando também topou a empreitada e na madrugada do dia 9 de novembro, um domingo, nós botamos o pé na estrada.
Nossa primeira parada foi na cidade de Oeiras. Esta paragem é como aquele verso que diz "bela é uma cidade velha". De fato e de direito, pois Oeiras foi a primeira capital do Piauí e, portanto, uma cidade histórica, que ainda mantém edificações erigidas naquela época, ainda bem conservadas. A foto ao lado é de um imponente sobrado, talvez um prédio público, tipo Casa de Câmara e Cadeia tão comum nas cidades que tinham status político e econômico na época do Império.
Em seguida, somente uma breve parada para o almoço em Balsas, no Maranhão, já próximo ao nosso destino imediato. Balsas é um exemplo de desenvolvimento rápido. Nos anos de 1970, não passava de uma cidadezinha perdida no meio do mapa. Hoje é uma das mais novas e pujantes fronteiras agrícolas do país, cujo carro-chefe é a produção de soja. O nosso"rancho", sem nada de soja, por sinal, a não ser o composto de azeite de oliva e óleo de soja, deu-se no restaurante de um gaúcho, o Ademir, que nos recebeu com cortesia e ainda nos ministrou uma pequena aula sobre o manejo do cultivo de soja. Ademir hoje é um restaurateur, mas que foi para Balsas, como outros tantos gaúchos, para plantar soja. Na foto ao lado, no terreiro de seu restaurante, onde plantou alguns pés de feijão-soja, ele explicou como a espécie se desenvolve.
No final da tarde, após 15 horas de estrada, chegamos à Carolina, na divisa com o Estado de Tocantins, outrora a segunda cidade do Maranhão, e que já foi dotada, inclusive, de aeroporto internacional. Apesar de ter perdido sua importância política e econômica para outras cidades, principalmente para Imperatriz, que passou por um processo de crescimento acelerado por conta, principalmente, da construção da rodovia Belém-Brasília, iniciada no governo de Juscelino Kubitscheck,- Carolina mantém ainda seu charme de cidade metida a importante. Tem um centro histórico bem conservado, fica às margens do belíssimo Rio Tocantins e em parte do seu território estar situado uma das mais belas paisagens naturais que já vi – o Parque da Chapada das Mesas. ( A igreja ao lado é a Catedral de São Pedro de Alcântara, o padroeiro da cidade).
Pernoitamos em Carolina no confortável Hotel Imperial, e na manhã seguinte, segunda-feira, 10 de novembro, partimos para Porto Franco, passando por dentro do paradisíaco Parque Nacional da Chapada das Mesas e com direito a uma peixada de dourado no Balneário da Pedra Caída. Outro belo cartão postal.
2 comentários:
Eu fico pensando nos diários que não escrevi... Um dia tentarei lembrar minhas viagens uma por uma. Adorei o texto.
Rafael , oficina de produção literária , entre os dias 12 e 16 de janeiro com a Claude Bloc . Já fiz tua inscrição , viu ?
Beijo
Viu!
Só espero que não choque com o trampo.
Beijos, Mon Cherry!
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