Em 2006, escrevi a orelha do livro “Crato - Evolução Urbana e Arquitetura de 1740-1960”, do arquiteto Waldemar Arraes de Farias Filho, onde fiz constar os seguintes tópicos:
“Lamentável, profundamente lamentável a indiferença do povo de Crato em relação ao patrimônio arquitetônico desta cidade, ufanisticamente divulgada – aqui e alhures – como “Cidade da Cultura”.
Já no ano de 1994 a revista “a Província”, sob o sugestivo título “Estão destruindo a memória de Crato”, denunciava: “As más administrações públicas, a falsa idéia de modernismo, a ganância financeira, a indiferença de considerável parcela da nossa população e a impunidade estão fazendo o Crato uma terra sem memória arquitetônica”.
De lá para cá, e lá se vão mais de doze anos, a coisa só fez piorar...
Depois desse alerta feito em 1994, uni minha voz à de Jurandy Temóteo, editor de “a Província”, no sentido de sensibilizar a população para a importância de preservar o nosso patrimônio arquitetônico. Escrevi alguns artigos (nesse sentido) para o “Jornal do Cariri”.
Passamos, assim, a bradar contra o tratamento de desdém e desprezo dado às edificações construídas em tempos idos nesta “Nobre e heráldica cidade” como a escritora Rachel de Queiroz gostava de referir-se a Crato.
Felizmente, outra voz – esta autorizada – veio juntar-se à nossa. Refiro-me ao arquiteto Waldemar Arraes de Farias Filho, autor do presente livro “Crato - Evolução Urbana e Arquitetura de 1740-1960”, no qual o patrimônio arquitetônico citadino e a evolução de nossa urbe são estudados sob a visão de um especialista.
Num trabalho minucioso, feito com paciência beneditina, Waldemar levantou dados, coletou fotografias e resgatou ambientes que nos transportam a tempos áureos.
Àquela época, nossas praças, ruas, becos e travessas eram conhecidas por nomes poéticos, como a Rua das Laranjeiras, Rua Formosa, Rua do fogo, Rua das Flores, dentre outros. Tudo pontilhado por construções dotadas de certo primor estético.
Bem diferente é o cenário citadino dos dias atuais. Os antigos casarões aristocráticos do centro histórico deram lugar a edifícios de estética desagradável e à poluição visual das placas de propagandas comerciais.
Depois de manusear este livro parece que se apossa de nós esta mensagem plangente: Cuidemos de preservar o que ainda resta e não foi destruída pelos vândalos sedentos em exterminar a memória arquitetônica de Crato.
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terça-feira, 16 de dezembro de 2008
A memória arquitetônica de Crato
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Um comentário:
Bravo, meu caro.
Também fui testemunha do estupro
na memória arquitetônica do nosso Crato.
Parabéns,
abraços.
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