TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

A ânfora

O pior dos desertos
É aquele que tem um outro
Deserto dentro dele

Um apaga os rastros
Esculpidos no outro com um
Vento que evoca invólucros

Assim o término de um
Labirinto é o início de outro
Que tende para o infinito

O pior desses grãos arremessados
É que eles lapidam como lixas
Que dissecam os sentidos

Diante dessa imensidão
Que se move para o devaneio
É impossível não lembrar Estamira

Que não salivava
Que tinha o estranho dom
De embalsamar palavras

9 comentários:

Domingos Barroso disse...

É admirável essa capacidade terrena e sobrenatural dos versos na memória... Não há poema teu, meu camarada, que não se expanda.
Abraços.

Carlos Rafael Dias disse...

Marcos, tenho acompanhado com satisfação esses teus poemas, belos e inspirados. E fico pensado na possibilidade de editá-los analogicamente, em papel e com capa.

Vamos, pois, tocar o projeto da antologia, para lançá-la no encontro "Cariricult,(B)logo Existo", que deverá ocorrer em junho vindouro.

Grande abraço!

Domingos Barroso disse...

Yupiii! Yupiiiii!
Não deixemos o vento levar nossas vidas no mormaço!
Publiquemos!
Abraços.

socorro moreira disse...

Solte as palavras de Estamira ...
Se usava mel , quando embalsama as palavras ...Quero ouvi-la !




Grande Leonel ... Gosto !

Marta F. disse...

Soltar as palavras é uma boa idéia, Socorro, acho que Estamira não devia mais embalsamar as palavras(Que nomes estranhos de mulheres tem encontrado este professor). Marcos, acabo de ler teu pensamento feito em versos curtos, e como disse o Domingos há textos que se expandem. Vai lendo e vai fermentando, reelaborando. Gostei muito e acredito ser possível lapidar sem lixas, cara, acho que ainda não consigo, é preciso tentar,precisamos...é Natal, afinal. Boas festas.

Marcos Vinícius Leonel disse...

Valeu, Domingos, estamos sempre tentando, tenho dito, a escrita não se predispõe a desperdícios. A questão da expansão dos significados é uma busca constante,
abraços

Marcos Vinícius Leonel disse...

Carlos, grande poeta,vamos sim, vamos retomar o projeto, vamos aproveitar esse recesso para aparar as arestas e buscar o que falta.

abraços

Marcos Vinícius Leonel disse...

Pois é Socorro, Estamira tem essa mania esquisita de eternisar as palavras, à sua maneira.

bjs

Marcos Vinícius Leonel disse...

Valeu Marta, pois é, eu também tenho tentado essa aparação sem lixas, mas é que o fardo pesa.

Tudo de bom para você também, que o que é para ser renovado se renove e o que é para ser deletado faça logoff

bjs