Em toda a minha vida
de tropeços e arrebatamentos
sempre este eterno vazio.
Debaixo da sua imensidão etérea
posso ser eu mesmo verdugo de palavras.
Levo-as à forca
e acabo também com a corda no pescoço.
Sempre este eterno vazio
conhecedor dos meus pensamentos
antes da placenta, do umbigo, da fralda.
Sempre este eterno vazio
que permanece drogado
aos meus ombros.
A melhor hora,
o indiscreto instante
em que não costuro as palavras.
Sumo com elas em alto mar
e acabo também afogado.
3 comentários:
Os poetas são mais que os filósofos. Estes se esmiuçaram na metafísica, mas o Domingos, poeta que poeta como se respira, parece um vate sempre com o verso na ponta da língua (uma pausa: convivi alguns meses, quase diariamente, com Patativa e ele conversava na língua dos poemas). Pois bem o Domingos inventou a Anti-física. Este vazio, vazio doce, que existe antes dele mesmo existir.
Meu caro José, teus comentários além de esclarecerem para mim mesmo o embutido do poema, sinto-me como resguardado para novas descobertas.
Um forte abraço.
Quando entro no blog , minha intenção é pescar poesia....
No vazio e nas enchentes , saio
sempre de alma plena .
Abraços nos versos e no poeta !
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