TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Rondel

A pedido de Dihenson, trago aqui um poema rimado e com métrica.
Este tipo de texto chama-se RONDEL.
Há alguns detalhes específicos que caracterizam o RONDEL.
1.Um deles é que: os dois primeiros versos do primeiro quarteto se repetem no segundo quarteto, como terceiro e quarto versos.
2.O primeiro verso da primeira estrofe, repete-se na terceira estrofe sendo, então, o seu último verso.
O desafio é: usar os versos repetidos sem perder o prumo do tema, num encaixe perfeito. E a rima deve ser observada.
Neste rondel os versos são decassilábicos. A última estrofe, um quinteto.


Quem se arrisca a fazer um RONDEL?

I - Rondel do Silêncio

No silêncio da noite enluarada
Minha alma passeia enternecida
Na areia os passos, a jornada
E a saudade fortemente renascida.

Nas espumas do mar, a minha vida
Devaneio que vingou na madrugada
No silêncio da noite enluarada
Minha alma passeia enternecida

Percorri teu caminho, tua lida
Pelo chão, os teus passos na estrada
Caminhei tantas vezes distraída
Te encontrei quando já não tinha nada
No silêncio da noite enluarada


II - Rondel da Luz

Nas vestes rotas desta madrugada
Eu escrevi teu nome na areia
E a encantada luz da alvorada
Teceu à tua volta sua teia

Em teu olhar o lume da candeia
E os tons difusos, nessa tua estrada
Nas vestes rotas desta madrugada
Eu escrevi teu nome na areia

Em teu sorriso minha alma passeia
Descortinando a lua enevoada
Rompendo a noite, a chuva, a maré-cheia
Chamei teu nome e não disseste nada
Nas vestes rotas desta madrugada.

Rondel por Claude Bloc

5 comentários:

socorro moreira disse...

Rondel ... muito prazer !
Apalausos para a beleza poética da Claude. É do jeito que a minha alma gosta.

Dihelson Mendonça disse...

Parabéns, Claude!

Ficou muito bom.
Agora, se possível o passo final.
Libertar-se do rondel, que é o que chamamos por aqui de Mote, no final de cada estrofe, e fazer as rimas normais, sem compromisso em serem sempre as mesmas.

Tipo aí um poema de Fernando Pessoa, Olavo Bilac, Guerra Junqueira, Camões, etc, onde a rima não precisa terminar sempre com o mesmo verso.

Parabéns, gostei muito. Aprecio mais os poemas quando eles conseguem "cantar" assim...

Socorro Moreira, sei que detestas poesia com rima, porque prende a imaginação, mas o bom é exercitar a mente, dizendo a mesma coisa em forma de rima. É como tentar acomodar uma camisa dentro de uma caixa de sapatos sem amarrotar, sem rir, sem chorar... rs rs rs


Bjus!

Dihelson Mendonça

socorro moreira disse...

Di , AQ gente não9 gosta do que não sabe fazer... E se eu tentar ? Quem sabe , um di a... ?



Meu leonino exigente , desafia a arte, e expande o desafio.


Em busca da perfeição , precisa de companhia !



Um cheiro.

Claude Bloc disse...

Dihelson,

Quem dera eu tivesse a grandeza dos mestres.Nem lhes chego aos pés...
A poesia em mim voa livre, a rima tolhe e prende, mas gosto de desafios.
Quem sabe façamos como Fagner & Cecília Meireles: que a música caiba num poema ou vice versa.
Assim faremos uma parceria... (rindo muito)

Abraço,

Claude

Dihelson Mendonça disse...

Minhas amigas, rs rs , não se subestimem!

Vocês são geniais e tenho certeza que mesmo como disse a Claude, que a rima tolhe, é nisso que está o desafio! Escrever o que já se escreve e ainda fazer rimar.

Eu não sei fazer, mas tenho certeza que se vocês se dedicarem, farão.

Uma piada que eu ouvi:

Fazer o cavalo entrar na água não é tão difícil. O difícil é fazer ele nadar de costas... ahahahahah

Bjus! pra vocês!

Dihelson Mendonça