O papagaio desbotado
com seus olhos de plástico
já não graceja
quando alguém por perto
passa.
No ventre pilhas enferrujadas
e lá fora um marasmo
que amedronta.
O papagaio desbotado
com seus olhos de plástico
divaga moribundo -
já não se apresenta
como novidade
e o espanto alheio
já não desperta.
Resta-lhe
cavar a cova
com o próprio bico
e as próprias unhas
enterrando-se de vez
na memória da casa.
Um comentário:
Domingo: este pode publicar e deixar para a posteridade. Novamente o apetrecho domiciliar em substituição ao vivo de outrora. Com a pilha arruinda, o tempo exposto, a novidade passou. Domingos verseja ao passo de sua casa e de seu corpo. E a construção do texto é elegante e bem encadeada.
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