Esse tempo nublado
conhece meu ventre:
a dor de barriga -
da alma.
O cafezinho agora
um tablete de gelo.
Penso no quintal
do casarão da minha vó.
Cá não têm embuás -
nem os esdrúxulos parentes.
Cá não pesco peixes -
as folhas da mangueira.
Cá apenas um quarto úmido
de gordurosas traças.
Sempre soube do risco iminente.
O solo era uma imensa fossa -
como explicar tão viçosos frutos?
Esse tempo nublado
sabe da minha mente:
um doce vácuo adormecido.
Lembro-me do fantástico quintal
do casarão da minha vó.
A pedra enorme
de bater e secar roupas -
do meu pai única herança.
Até o fim dos meus dias
sonharei que dentro daquela pedra
esconde-se um inacreditável tesouro.
Esse tempo nublado é foda.
E sequer passa um cremezinho balsâmico.
Nenhum comentário:
Postar um comentário