O que sabem de mim
aquilo que digo...se dissesse de mim,
não o faço.
há um poeta inquilino
no andar de baixo
tudo sabe de mim
pouco falo
digo asneiras
como qualquer mortal
o poeta mora de aluguel
no meu quarto de porão
é um escarcéu lidar com artistas
ainda que me dêem a esperança
de serem lindas pessoas
os poetas são feitos de feiúra, luxúria, loucura
e não há coisa boa
nem obra excelente
que os perdoe
despejei uma inquilina outro dia
passava o dia na janela do meu sótão
paisagem só paga as contas dos fotógrafos
eu, herdeira de palavras órfãs
Um comentário:
Oi, queridos.
Neste poema um edifício mental com inquilinos e inquilinas, os quais eu, qual proprietária intolerante. Todos eu mesma. Como a moradora do sótão enxergando mais poesia da janela do que outras coisas,esta foi despejada; ou o poeta,outro morador, que deixo falar por mim, quando eu mesma falo muito pouco. Falei dos seres que habitam nossos "flats" mentais, ou melhor, uma pensão no caso, pela forma como a dona vê os poetas falhos ou reprováveis socialmente-luxúria e loucura- deve se tratar de um imóvel popular. Corresponderia a considerações sobre os descaminhos dos poetas, não generalizando...por aí.
Foi isso? OK, obrigada.
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