TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Palhaço

Estou com medo.
As minhas formiguinhas distantes dos meus olhos.
Nenhum doloroso apelo do vazio sobre os ombros.
Minha boca ressequida, meus dedos enrustidos.
A pança enorme - e faz tempo o último porre.
A calça jeans enferrujada.
O solado do tênis tão puro.
Adocicado hálito.
As palavras toscas.
Trocadas.
O silêncio do fantasma agride meus ouvidos.
A lucidez da sombra zomba da minha inquietude.
Desnorteado, desamparado, cego - não fujo.
Mas estou com medo da repentina salobra.
E eu só tenho essa água para beber e lavar os pés.

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