João Pedro Stédile, membro do MST e da Via Campesina escreveu um artigo sobre a crise do capitalismo em que aponta o seguinte esquema de gestão da crise por parte dos capitalistas:
“Na história das crises do capitalismo, as classes dominantes, proprietárias do capital, e seus governos, adotaram um mesmo receituário para sair delas.
Primeiro, precisam destruir parte do capital (super-acumulado e sem demanda) para abrir espaço a outro processo de acumulação. Nos últimos meses já foram torrados mais de 4 trilhões de dólares, em papel moeda.
Segundo, apelam para as guerras. Como forma de destruir mercadorias (armas, munições, bens materiais, instalações) e como forma de eliminar a tensão social dos trabalhadores. E, de certa forma eliminam também o exercito industrial de reserva. Foi assim, na primeira e a segunda guerra mundial. E depois na guerra fria. Agora, com medo da bomba atômica, estimulam conflitos regionais. Os ataques de Israel ao povo palestino, as provocações na Índia, as ameaças ao Iran, estão dentro dessa estratégia, também. Aumentar os gastos militares e a destruição de bens.
Terceiro. Aumentar a exploração dos trabalhadores. Ou seja, nas crises, baixam os salários médios, rebaixam as condições de vida e por tanto de reprodução da força de trabalho, para recuperar as taxas de mais-valia e de acumulação. Daí também, o desemprego ampliado, que mantêm multidões sobrevivendo apenas com cestas básicas, etc..
Quarto: Há uma maior transferência de capital da periferia para o centro do sistema. Isso é feito pela transferência direta das empresas para suas matrizes. Através da manipulação da taxa de cambio do dólar, do pagamento de juros e da manipulação de preços das mercadorias vendidas e compradas na periferia.
Quinto. O capital volta a usar o estado, como o gestor da poupança da população para deslocar esses recursos em beneficio do capital. Por tanto, os capitalistas voltam a valorizar o estado, não como zelador dos interesses da sociedade. Mas como capataz do seus interesses , para usar p poder compulsório e assim recolher o dinheiro de todo mundo, através de impostos e da poupança depositada nos bancos, para financiar a saída da crise.”
Este receituário tem importância, pois a crise é um fato e se aprofunda. Hoje mesmo nas primeiras páginas dos grandes jornais brasileiros e do mundo as imagens são da crise. Na França milhares de manifestantes contra a política econômica do governo: desemprego, queda na renda, redução da proteção social etc. Igualmente a imagem da revolta de contribuintes americanos na frente da AIG, aí já demonstrando que há um início de tomada de consciência em relação ao quinto item da receita.
No entanto, o que mais chama a atenção é o artigo de Joseph E. Stiglitz apontando falhas na ressurreição da economia americana. Vejamos com a crítica centra-se exatamente em certos comportamentos do receituário acima:
a) Socializar as perdas e privatizar os ganhos é mais preocupante que as conseqüências da nacionalização dos bancos.....Mas estima-se que, nas infusões mais recentes, os americanos estejam recebendo 25 centavos, ou menos, por dólar. Isso significará um grande déficit nacional no futuro.
b) Não confunda salvamento de banqueiros e acionistas com salvamento de bancos. Os EUA poderiam ter salvado seus bancos, e não os acionistas deles, por muito menos do que já gastou.
c) Economia a conta-gotas quase nunca funciona. Fornecer dinheiro aos bancos não ajudou os donos de imóveis: os arrestos continuam aumentando.
Não existem dúvidas que precisamos trazer o debate para a realidade do momento. O que pertence à humanidade é patrimônio de cada um de nós. Deveremos qualificar o debate e qualificar o debate é colocá-lo cada vez mais longe de dogmas, de verdades únicas ou mesmo de iluminados derradeiros. O debate deve se fazer no campo das idéias, dando oportunidade para que os retardatários tomem fôlego e para que a idéias se configurem mais que pessoas. Por último, num assunto de monta como este, é muito pouco que alguns se contentem com as próprias convicções ou até mesmo dúvidas, pois este momento está a requerer política e política como vontade de transformar a realidade em face do bem estar de todos.
“Na história das crises do capitalismo, as classes dominantes, proprietárias do capital, e seus governos, adotaram um mesmo receituário para sair delas.
Primeiro, precisam destruir parte do capital (super-acumulado e sem demanda) para abrir espaço a outro processo de acumulação. Nos últimos meses já foram torrados mais de 4 trilhões de dólares, em papel moeda.
Segundo, apelam para as guerras. Como forma de destruir mercadorias (armas, munições, bens materiais, instalações) e como forma de eliminar a tensão social dos trabalhadores. E, de certa forma eliminam também o exercito industrial de reserva. Foi assim, na primeira e a segunda guerra mundial. E depois na guerra fria. Agora, com medo da bomba atômica, estimulam conflitos regionais. Os ataques de Israel ao povo palestino, as provocações na Índia, as ameaças ao Iran, estão dentro dessa estratégia, também. Aumentar os gastos militares e a destruição de bens.
Terceiro. Aumentar a exploração dos trabalhadores. Ou seja, nas crises, baixam os salários médios, rebaixam as condições de vida e por tanto de reprodução da força de trabalho, para recuperar as taxas de mais-valia e de acumulação. Daí também, o desemprego ampliado, que mantêm multidões sobrevivendo apenas com cestas básicas, etc..
Quarto: Há uma maior transferência de capital da periferia para o centro do sistema. Isso é feito pela transferência direta das empresas para suas matrizes. Através da manipulação da taxa de cambio do dólar, do pagamento de juros e da manipulação de preços das mercadorias vendidas e compradas na periferia.
Quinto. O capital volta a usar o estado, como o gestor da poupança da população para deslocar esses recursos em beneficio do capital. Por tanto, os capitalistas voltam a valorizar o estado, não como zelador dos interesses da sociedade. Mas como capataz do seus interesses , para usar p poder compulsório e assim recolher o dinheiro de todo mundo, através de impostos e da poupança depositada nos bancos, para financiar a saída da crise.”
Este receituário tem importância, pois a crise é um fato e se aprofunda. Hoje mesmo nas primeiras páginas dos grandes jornais brasileiros e do mundo as imagens são da crise. Na França milhares de manifestantes contra a política econômica do governo: desemprego, queda na renda, redução da proteção social etc. Igualmente a imagem da revolta de contribuintes americanos na frente da AIG, aí já demonstrando que há um início de tomada de consciência em relação ao quinto item da receita.
No entanto, o que mais chama a atenção é o artigo de Joseph E. Stiglitz apontando falhas na ressurreição da economia americana. Vejamos com a crítica centra-se exatamente em certos comportamentos do receituário acima:
a) Socializar as perdas e privatizar os ganhos é mais preocupante que as conseqüências da nacionalização dos bancos.....Mas estima-se que, nas infusões mais recentes, os americanos estejam recebendo 25 centavos, ou menos, por dólar. Isso significará um grande déficit nacional no futuro.
b) Não confunda salvamento de banqueiros e acionistas com salvamento de bancos. Os EUA poderiam ter salvado seus bancos, e não os acionistas deles, por muito menos do que já gastou.
c) Economia a conta-gotas quase nunca funciona. Fornecer dinheiro aos bancos não ajudou os donos de imóveis: os arrestos continuam aumentando.
Não existem dúvidas que precisamos trazer o debate para a realidade do momento. O que pertence à humanidade é patrimônio de cada um de nós. Deveremos qualificar o debate e qualificar o debate é colocá-lo cada vez mais longe de dogmas, de verdades únicas ou mesmo de iluminados derradeiros. O debate deve se fazer no campo das idéias, dando oportunidade para que os retardatários tomem fôlego e para que a idéias se configurem mais que pessoas. Por último, num assunto de monta como este, é muito pouco que alguns se contentem com as próprias convicções ou até mesmo dúvidas, pois este momento está a requerer política e política como vontade de transformar a realidade em face do bem estar de todos.
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