TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE

quarta-feira, 25 de março de 2009

A Grade de Ferro

Por pouco o poeta não admira a alma
levitando fora do corpo .

Uma grade de ferro na nuca
mata não importa o encosto.

Meu anjo da guarda tem insônia
mas de dia não boceja -

é valente,
sempre atento.

Segurou com uma asa
a barra de ferro

e com a outra
dos meus ombros
sacudiu a poeira.

Por um segundo fiquei cego -
só pensei no meu último verso.

Será que poeta ainda escreve
com a alma fora do corpo
e o crânio partido?

Meu anjo da guarda balança a cabeça
com um olhar reprovativo -

Cuidado com as palavras,
menino.

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