por entre ruas, estradas, caminhos de pedras que talvez
cheguem às portas do sertão,
e levar nos pés o timbre da areia,
o vento roçando a camisa
tatuando no rosto lembranças de uma casa
onde fantasma habitam
e alguém pára um pouco de frente
apenas para lembrar
e em silêncio, diz a si mesmo:
aqui viveu aquele
em cujos olhos muitos nomes foram escritos
e se trasformam em água quando finda a tarde
e a luz avisa das sombras sobre a parede morta
onde ele se recostava,
atravessar largas avenidas
embriagar-se de palavras e edifícios
beber suas fachadas num único hausto
enquanto é verão e não se pode ver o peito
desgastado na esperança de um pouco
de paz nas flores, porque há um pouco
de azul no céu perfumado de fumaça
talvez de barco atravessar um oceano inteiro
desses que cabem nas mãos juntas
para matar a sede com a água que verte das pedras
e se veste com as cores do vento
conhecedor dos cumes das montanhas
das trilhas que acumulam anos de desertos
navegar nos trilhos milimetricamente calculados
uma viagem tão certa quanto certo
é o trem do destino, carregado de sonhos,
das conversas intermináveis ao redor de copos
os lábios mergulhados em cerveja
onde chegar?
pouco importa o lugar,
se é possível encontrar um homem chamado José
entre as sombras de um pinheiro que sucede um vale
e ouvi-lo, e se comover com suas palavras.
2 comentários:
Òi eu encabulaaaadooo! Nem soube dizer nada.
Depois de ler o seu texto "Vou-me", confesso que fiquei tocado. A idéia de ir-se embora é muito especial para um cara como eu que há 27 anos saiu de casa.
Talvez não a realize, mas a idéia da volta é uma coisa que não se apaga na mente.
Um cara viveu entre amigos que tinham tempo de sobra para dividir experiências. Ao vir morar numa terra onde as pessoas levaram para as ruas o conceito de relação que aprenderam nas fábricas, um cara assim paga um preço alto pela perda da vida que tinha. Mas tudo bem, não vamos reclamar.
Então, o seu texto me provocou a vontade de escrever outro como uma forma de agradecimento.
É isso aí...
Abraços.
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