TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE

domingo, 1 de março de 2009

Um Texto Salatiélico

Solidão. como depois do gôzo, a realidade assola com suas garras, te joga no chão, pisa em teu peito e de cara pra cima nada mais do que um olhar estático de baixo pra cima, e o olhar fixo de cima pra baixo.
Solitário, como descrever o mapa da intimidade sem haver ainda intimidade, mas que urge necessário falar "coisinhas" para o outro seguir a trilha correta, para que não percam o máximo.
Só, ainda que fosse um século, não atingiria o âmago, pois que todos os pensamentos são guarda-roupa embutido parecendo parede, e não sendo... as portas o dono abre quando quer e a privacidade é um planejamento estratégico para não sucumbir à hilaridade do outro, ao guarda-roupas do outro aberto todo escancarado. E onde ele guarda suas plumas de carnaval na descoberta de mim, meu mim parcial, eu abro a porta embutida dos meus sapatos de salto nunca lustrados, para jantar à La Carte. Companhia fixa é bom. Segurança, proteção, e uma certa cumplicidade. Anda de sandálias, pés à mostra, limpos, brancos e lindos. Disse que usaria sapatos quando fôssemos ao teatro. Prendi um riso irônico, por pouco quase me traio. Disse-lhe apenas e suavemente - Meu bem, ao teatro é que deves ir de sandálias.

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