Vou-me embora para Pasárgada que não é apenas um lugar ideal para se viver. Um lugar além e imaginado. No qual seria amigo do rei e teria a mulher que queria na cama que escolheria. Vou-me para Pasárgada que é um lugar já vivido, revivido, na dureza das pedras afiadas e nas plumas com as quais as amainei no decorrer do tempo.
Vou-me embora para este lugar em que os jovens se tornaram lentes zelosos da disciplina examinadora e assim, das franjas da Baia de Todos os Santos, nos passa descomposturas de todos os tamanhos. Vou encontrar esta doçura que tão doce gastou toda insulina do pâncreas e como uma flor solta polens de poesia a cada vez que um simples evento diz tanto o que para outros nem parece tanto. Vou-me embora para as fotografias do território de um fotógrafo que tanto compõe canções em ordem familiar com se abriga nas alturas das encostas do Araripe para que seus olhos sempre vivam a paisagem que fotografa.
Vou sintonizar a Rádio Chapada do Araripe, só para ouvir a voz de FM deste jovem pianista, ora de dedo em riste, atravessando madrugadas insones, dizendo o que bem pensa e tentando, da pobreza da crise eterna, sustentar tantos meios ao mesmo tempo. Lá encontrarei a presença indelével de um migrante ao São Francisco que neste perímetro diz coisas como se as coisas se corrompessem e se recompusessem numa ordem que apenas para os desavisados parece anárquica. Encontrarei de vez em quando um intelectual de punhal nas mãos, tão penetrante que a dor se volta para a vítima como um concerto das peças mortas que teimam em permanecer quando a encosta já as derruba em rumo ao subsolo da arqueologia.
Vou-me embora para o aconchego de Matosinho, entre o rabo de arraia do fino humor destes Vieiras e dele retirar páginas de mundos já vividos e outros que desejo ainda viver. Encontrar esta dama da Serra Verde, ora orgulhosa de suas lutas acadêmicas, dando-se conta da dimensão humana que fala de uma angústia da existência assimétrica na perspectiva da individualidade necessária, mas que se desdobra em orvalho sobre a vida de todos nós. Encontrar esta Baiana, Pernambucana, que nem o Ceará conhece, menos ainda o Crato e, no entanto, é a prova cabal de uma humanidade certamente local, mas construindo algo que nem Deus tentou: a universalidade da consciência humana.
Vou-me embora para o encanto desta senhora dos pensamentos do dia, sempre que a ingenuidade da pavorosa realidade se impõe, parece fuga, mas não é, é apenas uma voz que sempre existirá no limite em que o irreversível se reverte para surpresa de todos. Vou-me embora para encontrar os dogmas ainda arraigados, a doutrina ainda existente, deste senhor que fustiga, não como um cavaleiro em disparada, mas como um lavrador sedentário de sua fé cristã. Encontrar outro de sobrenome tal que tanto é letra de música, quanto poesia, que tem uma família em ebulição e com ela fabula, embora diga que são apenas causos.
Vou-me para as vozes reminiscentes destes primos cratenses e daquele homem apaixonado de Várzea Alegre que tanto a ama sem saber que é uma forma de amar a própria cidade do Crato. Vou-me embora e encontrar o mestre do território, que, para assim ser, tanto tem de saber. Andar nas veredas ao lado, sem que ele me note, deste poeta do corpo, do corpo próprio, do corpo domiciliar, que verseja com as formigas tal qual com as nuvens. Falar de poetas que a cada dia tem algo para cantar, seja como o caminho de Tiago, do Chagas, do Sávio e tantos que a cada dia faz-me ir para este lugar.
Mas vou-me embora para este lugar em que as pessoas ainda sofrem de Apendicite, esta esquecida moléstia dos anos idos, e nos carnavais, entre loas e búzios, se dizem presente tão longe como se aqui fosse.
Vou-me embora para este lugar em que os jovens se tornaram lentes zelosos da disciplina examinadora e assim, das franjas da Baia de Todos os Santos, nos passa descomposturas de todos os tamanhos. Vou encontrar esta doçura que tão doce gastou toda insulina do pâncreas e como uma flor solta polens de poesia a cada vez que um simples evento diz tanto o que para outros nem parece tanto. Vou-me embora para as fotografias do território de um fotógrafo que tanto compõe canções em ordem familiar com se abriga nas alturas das encostas do Araripe para que seus olhos sempre vivam a paisagem que fotografa.
Vou sintonizar a Rádio Chapada do Araripe, só para ouvir a voz de FM deste jovem pianista, ora de dedo em riste, atravessando madrugadas insones, dizendo o que bem pensa e tentando, da pobreza da crise eterna, sustentar tantos meios ao mesmo tempo. Lá encontrarei a presença indelével de um migrante ao São Francisco que neste perímetro diz coisas como se as coisas se corrompessem e se recompusessem numa ordem que apenas para os desavisados parece anárquica. Encontrarei de vez em quando um intelectual de punhal nas mãos, tão penetrante que a dor se volta para a vítima como um concerto das peças mortas que teimam em permanecer quando a encosta já as derruba em rumo ao subsolo da arqueologia.
Vou-me embora para o aconchego de Matosinho, entre o rabo de arraia do fino humor destes Vieiras e dele retirar páginas de mundos já vividos e outros que desejo ainda viver. Encontrar esta dama da Serra Verde, ora orgulhosa de suas lutas acadêmicas, dando-se conta da dimensão humana que fala de uma angústia da existência assimétrica na perspectiva da individualidade necessária, mas que se desdobra em orvalho sobre a vida de todos nós. Encontrar esta Baiana, Pernambucana, que nem o Ceará conhece, menos ainda o Crato e, no entanto, é a prova cabal de uma humanidade certamente local, mas construindo algo que nem Deus tentou: a universalidade da consciência humana.
Vou-me embora para o encanto desta senhora dos pensamentos do dia, sempre que a ingenuidade da pavorosa realidade se impõe, parece fuga, mas não é, é apenas uma voz que sempre existirá no limite em que o irreversível se reverte para surpresa de todos. Vou-me embora para encontrar os dogmas ainda arraigados, a doutrina ainda existente, deste senhor que fustiga, não como um cavaleiro em disparada, mas como um lavrador sedentário de sua fé cristã. Encontrar outro de sobrenome tal que tanto é letra de música, quanto poesia, que tem uma família em ebulição e com ela fabula, embora diga que são apenas causos.
Vou-me para as vozes reminiscentes destes primos cratenses e daquele homem apaixonado de Várzea Alegre que tanto a ama sem saber que é uma forma de amar a própria cidade do Crato. Vou-me embora e encontrar o mestre do território, que, para assim ser, tanto tem de saber. Andar nas veredas ao lado, sem que ele me note, deste poeta do corpo, do corpo próprio, do corpo domiciliar, que verseja com as formigas tal qual com as nuvens. Falar de poetas que a cada dia tem algo para cantar, seja como o caminho de Tiago, do Chagas, do Sávio e tantos que a cada dia faz-me ir para este lugar.
Mas vou-me embora para este lugar em que as pessoas ainda sofrem de Apendicite, esta esquecida moléstia dos anos idos, e nos carnavais, entre loas e búzios, se dizem presente tão longe como se aqui fosse.
6 comentários:
José do Vale Pinheiro Feitosa,
leva-me contigo.
Um forte abraço.
Pela noite eterna ...
Deixe que eu te ofereça
todo meu carinho, toda essa ternura....
risos.
Essa letra é do velho Antonio Maria. Isso..."Leva-me contigo"!
Bom... Minha resposta será mais longa... Agora estou só passando... Debaixo das janelas... Com um violão na cabeça, e umas notas nos braços.
Esse texto é para ser posto numa moldura e colocado na parede
Sem mais comentário...
Excelente texto.
Adorei esse texto. É dos que fazem a gente balançar, ensimesmar-se. Posso dizer que fiquei comovido?
Um beijo pasmo de surpresa de uma baiana pernambucana frente aos teus delírios nas frases longas em que o fôlego quase falta, quase me entrego ao desejo de também ir a Pasárgada com você.
Encantada, admiro sua criatividade e audácia.
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