O Morais numa postagem no Blogo do Crato estimulou minhas memórias sobre o filme Dr. Jivago, quando o Crato tinha três grandes salas de cinema e a cada dia comum da semana tínhamos no mínimo seis sessões à disposição do pública. O Luiz Carlos Salatiel levantou a sua história da produção de um filme com Patativa e depois trocamos figurinhas nos comentários. Acho da maior importância para a cultura a questão do cinema, até como prática de reunião e coletivização. Por isso adotei este tema aqui no blog começando por três perguntas.
Tem um cinema em tua cidade? Se tivesse tu o freqüentarias? Se o freqüentasse, retornarias?
A resposta à primeira pergunta seria quase que um não. Os dados a seguir foram coletados de um trabalho do Instituto de Pesquisas Tecnológicas. As salas de cinema no Brasil não passam muito de 1600 e se encontram nas grandes capitais especialmente em São Paulo, Rio, Belo Horizonte e Porto Alegre. Das 1635 existentes em 2001, mais de 788 estavam nas capitais, sendo que 360 só nas cidades São Paulo e Rio (e 810 nos dois estados) e um total de 665 salas em 8 capitais. Mas existem capitais com menos de cinco salas (Palmas, Boa Vista e Porto Velho). A se considerar estes números observe-se o que restam algo em torno de 847 salas distribuídas em quase cinco mil municípios. Isso significa que regiões inteiras não vêm filmes em salas de cinema. Mas considere que os donos da maioria destas salas são menos de 10 exibidores, mas absolutamente concentrados em cinco exibidores: Cinemark, Severiano Ribeiro, UCI, Cinemat. Haway e Art Filmes (655 salas).
A questão de quem nasceu primeiro o ovo ou galinha? Foi a queda de público que levou à queda do número de sala ou ao contrário, em razão da estrutura de exibição concentrada e baseada na produção estrangeira, as salas quebraram e com elas o público minguou. As salas que eram 3000 mil na década de 70 caíram para a metade atualmente (em 98 não existiam 600 salas no país todo). O cinema que tinha um público em torno de 200 milhões de expectadores anuais na década de setenta, despencou para algo em torno de 75 milhões nos anos 90, retornando para uma faixa mais próxima de 100 milhões a partir de 2002. Em conseqüência 10 municípios detém 57% da bilheteria nacional, Fortaleza não aparece entre eles. Se considerarmos a população e dividi-las pelo número de telas existentes, o Brasil perde feio no mundo, enquanto nos EUA são 10 mil habitantes por tela, no Brasil este número é de 105 mil habitantes. Mas se considerarmos os estados, esta relação é de 700 mil por tela no maranhão, sendo que em sete estados, incluindo aí o Ceará este número ultrapassa 300 mil. E atenção,em 2001 o Ceará inteiro tinha 22 salas de exibição, sendo que 19 em Fortaleza. As salas são concentradas em alguns estados e nas capitais.
Resultado o cinema nacional foi para o Brejo. Só para efeito de comparação enquanto a receita bruta da produção de cinema no Brasil é de 308 milhões, nas outras áreas como projeção de filmes e vídeo 1.014 bilhão; rádio 668 milhões e televisão 10.517 bilhões. Com isso a distribuição de empregos na cadeia audiovisual é desvantajosa para o cinema enquanto emprega 2019, na distribuição e projeção salta para 6701, rádio 14602 e a Televisão 40383. Com isso vejam os números do cinema nacional.
A média anual de produção de filmes de longa metragem no Brasil foi de 23, enquanto a India foi de 787, os EUA 591, Japão 255, Hong Kong 169, Filipinas 160, França 148, China 127, Rússia 124, Itália 105, Espanha 60 e México 33. O custo médio por filme no Brasil em milhões de dólares foi de 1,3, enquanto nos EUA de 14, Grã-Bretanha de 8,2; na França 5,2, Itália e Espanha 3,9. A produção brasileira é totalmente baseada em incentivos, a bilheteria do longa metragem entre 95 e 2004 atingiu um total de 407 milhões, com uma captação no período de 380 milhões (a diferença foi de 7,7% - considere o que fica com as empresas exibidoras). A média de filmes por produtora foi de 1,74; com o máximo de 12 numa mesma produtora, 19% do patrocínio foi de empresas privadas e 81% de estatais. De um total de 1,056 bilhões autorizados pela LM em 2004, foi captado efetivamente 116 milhões em 455 projetos.
Resultado a participação do cinema nacional no mercado que chegou a atingir 35% nos cinco primeiros anos dos anos 80, foi caindo na segunda metade e despencou para zero nos anos de 92 a 94 e manteve-se abaixo de 5% até quase o final da década. Apenas de 2000 em diante voltou a crescer a participação chegando a ultrapassar a 15% em 2003 e 2004. A performance das distribuidoras em relação ao cinema nacional é concentrada, de um total de 15 distribuidoras, apenas 6 concentram 97,55% das receitas, sendo que três delas (Colúmbia, Lumiére e Fox) controlaram 70,48% das receitas, vale dizer que as três foram responsáveis apenas por 28% dos filmes distribuídos.
Com um quadro deste fica difícil responder às duas perguntas seguintes. E onde fica a questão de uma política nacional para o cinema? Este é um assunto que o Luiz Carlos Salatiel poderia elaborar num fórum aqui no blog, temos o Rosemberg a quem este assunto toca de perto. Este debate é enriquecedor para os atores culturais do Cariri e, claro, do Ceará. Gostaria, se me permitem a falta de conhecimento no assunto, de abordar algumas questões numa próxima postagem.
Tem um cinema em tua cidade? Se tivesse tu o freqüentarias? Se o freqüentasse, retornarias?
A resposta à primeira pergunta seria quase que um não. Os dados a seguir foram coletados de um trabalho do Instituto de Pesquisas Tecnológicas. As salas de cinema no Brasil não passam muito de 1600 e se encontram nas grandes capitais especialmente em São Paulo, Rio, Belo Horizonte e Porto Alegre. Das 1635 existentes em 2001, mais de 788 estavam nas capitais, sendo que 360 só nas cidades São Paulo e Rio (e 810 nos dois estados) e um total de 665 salas em 8 capitais. Mas existem capitais com menos de cinco salas (Palmas, Boa Vista e Porto Velho). A se considerar estes números observe-se o que restam algo em torno de 847 salas distribuídas em quase cinco mil municípios. Isso significa que regiões inteiras não vêm filmes em salas de cinema. Mas considere que os donos da maioria destas salas são menos de 10 exibidores, mas absolutamente concentrados em cinco exibidores: Cinemark, Severiano Ribeiro, UCI, Cinemat. Haway e Art Filmes (655 salas).
A questão de quem nasceu primeiro o ovo ou galinha? Foi a queda de público que levou à queda do número de sala ou ao contrário, em razão da estrutura de exibição concentrada e baseada na produção estrangeira, as salas quebraram e com elas o público minguou. As salas que eram 3000 mil na década de 70 caíram para a metade atualmente (em 98 não existiam 600 salas no país todo). O cinema que tinha um público em torno de 200 milhões de expectadores anuais na década de setenta, despencou para algo em torno de 75 milhões nos anos 90, retornando para uma faixa mais próxima de 100 milhões a partir de 2002. Em conseqüência 10 municípios detém 57% da bilheteria nacional, Fortaleza não aparece entre eles. Se considerarmos a população e dividi-las pelo número de telas existentes, o Brasil perde feio no mundo, enquanto nos EUA são 10 mil habitantes por tela, no Brasil este número é de 105 mil habitantes. Mas se considerarmos os estados, esta relação é de 700 mil por tela no maranhão, sendo que em sete estados, incluindo aí o Ceará este número ultrapassa 300 mil. E atenção,em 2001 o Ceará inteiro tinha 22 salas de exibição, sendo que 19 em Fortaleza. As salas são concentradas em alguns estados e nas capitais.
Resultado o cinema nacional foi para o Brejo. Só para efeito de comparação enquanto a receita bruta da produção de cinema no Brasil é de 308 milhões, nas outras áreas como projeção de filmes e vídeo 1.014 bilhão; rádio 668 milhões e televisão 10.517 bilhões. Com isso a distribuição de empregos na cadeia audiovisual é desvantajosa para o cinema enquanto emprega 2019, na distribuição e projeção salta para 6701, rádio 14602 e a Televisão 40383. Com isso vejam os números do cinema nacional.
A média anual de produção de filmes de longa metragem no Brasil foi de 23, enquanto a India foi de 787, os EUA 591, Japão 255, Hong Kong 169, Filipinas 160, França 148, China 127, Rússia 124, Itália 105, Espanha 60 e México 33. O custo médio por filme no Brasil em milhões de dólares foi de 1,3, enquanto nos EUA de 14, Grã-Bretanha de 8,2; na França 5,2, Itália e Espanha 3,9. A produção brasileira é totalmente baseada em incentivos, a bilheteria do longa metragem entre 95 e 2004 atingiu um total de 407 milhões, com uma captação no período de 380 milhões (a diferença foi de 7,7% - considere o que fica com as empresas exibidoras). A média de filmes por produtora foi de 1,74; com o máximo de 12 numa mesma produtora, 19% do patrocínio foi de empresas privadas e 81% de estatais. De um total de 1,056 bilhões autorizados pela LM em 2004, foi captado efetivamente 116 milhões em 455 projetos.
Resultado a participação do cinema nacional no mercado que chegou a atingir 35% nos cinco primeiros anos dos anos 80, foi caindo na segunda metade e despencou para zero nos anos de 92 a 94 e manteve-se abaixo de 5% até quase o final da década. Apenas de 2000 em diante voltou a crescer a participação chegando a ultrapassar a 15% em 2003 e 2004. A performance das distribuidoras em relação ao cinema nacional é concentrada, de um total de 15 distribuidoras, apenas 6 concentram 97,55% das receitas, sendo que três delas (Colúmbia, Lumiére e Fox) controlaram 70,48% das receitas, vale dizer que as três foram responsáveis apenas por 28% dos filmes distribuídos.
Com um quadro deste fica difícil responder às duas perguntas seguintes. E onde fica a questão de uma política nacional para o cinema? Este é um assunto que o Luiz Carlos Salatiel poderia elaborar num fórum aqui no blog, temos o Rosemberg a quem este assunto toca de perto. Este debate é enriquecedor para os atores culturais do Cariri e, claro, do Ceará. Gostaria, se me permitem a falta de conhecimento no assunto, de abordar algumas questões numa próxima postagem.
2 comentários:
Com a TV , chegou a novela ... Silenciaram as novelas do rádio , e as salas de cinema ficaram esvaziadas. Filme que a gente escolhe , a gente aluga. Filme que nos escolhe a gente nem liga. Isso aconteceu , no Brasil inteiro. Mas, a carga de emoções que perdemos ...Vixe... Nem conto , nem faz sentido : é inestimável !
Com os Shoppings o hábito de ir ao cinema foi sendo resgatado... Mas é de pouca frequência... Ainda !
Não se combina um cineminha... Combina-se logo o sorvete ou a pizza.
Eu iria todos os dias ao cinema , se ele ficasse mais perto de mim !
O negocio está ruim para os saudosistas. Cicema nem pensar, não existe mais. Os filmes nas locadoras não encontramos. Outro dia rodei Crato e Juazeiro e não encontrei Os Girassois da Russia, com a Sofia Loren e o Marcelo. Resta-nos lê o carricult e o Blog do Crato. Pra nossa sorte.
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