TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE

quinta-feira, 21 de maio de 2009

ERROS NA COMUNICAÇÃO?

Lá pelos idos do final da década de 60, um tio que ainda não conhecera, retornara ao Ceará e fui encontrá-lo. Depois da adolescência o biótipo mais para o brevilíneo deixou-me com uma tendência para engordar. Claro que a vida sedentária e a ingesta de fácil oferta estavam na raiz. E vou visitar o tio, com perspectiva do novo. No primeiro exame de reconhecimento ele me olha de cima a baixo e diz: você precisa fazer uma desintoxicação alimentar. Era o hábito, Tio João se dedicara à macrobiótica e o que se destacaria no sobrinho necessariamente era o seu tema.

Mais ou menos como a cena do Chaplin em Tempos Modernos, torcendo parafusos fictícios no ar, na sequência de tantos outros reais, na esteira fordista de produção. O hábito, a profissão, o negócio, se tornam a ação primeira das pessoas que nelas se aprofundam. Assim como um perfumista em busca dos odores. Basta lembrarem-se das impressões contundentes do modista Clodovil, quando em embate sobre algum assunto, o seu espadachim era a elegância do modelo.

O Maurício Tavares levanta a questão do erro de escrita, em sentido amplo, de quem aqui no Cariricult escreve. A tendência do professor é corrigir; é o seu primeiro ímpeto. Haveria um mundo decadente se as pessoas não escrevessem nas regras gramaticais? Por certo que estas existem para que a comunicação ocorra. E a comunicação não é um simples estrado de letras, palavras e flexões na frase. Ela tem um sentido histórico, tem um sentido de espaço, tem dimensionalidades sociais e culturais, de modo que é necessário se manter regras, para se comunicar entre os contemporâneos e com aqueles no futuro, além de entender as mensagens do passado.

A questão se volta, de algum modo, para saber se iremos adotar quais cânones da escrita, para assim nos fazermos entendidos. E tem mais, estamos num blog, parente muito próximo daquelas comunidades de intensa troca de informações. Com uma escrita rápida e amigável, pensamos em mudar uma frase e resíduos sobrevivem, até mesmo atrapalhando o pensamento. Letras são trocadas, palavras sobram, outras faltam. É a prática neste meio. Há quem faça um texto revisado, quem aplique criteriosamente as normas, mas existe uma tendência para o erro.

Entendo que a lição do Maurício Tavares se aplica a todos. Não seja uma queda de braço com ninguém, mas como, nestes casos, em terras de adultos, a temperança no assunto é uma boa prática de valorização social do tema.

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