TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE

terça-feira, 26 de maio de 2009

Julius Fucik

Julius Fucik é um militante comunista. Nascido em 1903, na cidade de Praga, na atual República Tcheca, com 18 anos entrou para o Partido Comunista. 

Quando as tropas de Hitler invadiram a Tchecoslováquia, entrou para as fileiras armadas da Resistência Comunista, então clandestina. 

Fui um grande combatente. Em 1942, foi capturado e enviado para uma prisão da GESTAPO, em Pankrác. Sofreu a tortura nazista.  No cárcere, escreveu um livro secretamente. Quando as tropas do Exército Vermelho libertaram os prisioneiros dos campos de concentração, foram encontrados os manuscritos. 

Não houve tempo de libertar Julius Fucik. Ele foi executado na cidade de Berlim, no dia 08 de setembro de 1945. Mas seu registro escrito no cárcere nao se perdeu. Se tornou um livro que tem o título "Reportagem sob a Forca". 

Um livro que quando é lido pelos que lutam por uma sociedade justa e fraterna, aí sim, esses entendemos  o verdadeiro significado da palavra liberdade e da palavra esperança. 

Em 1950, assim falou Pablo Neruda, no II Congresso dos Defensores da Paz: "Vivemos na época que amanhã se chamará a época de Fucik, época do heroísmo simples... Em Fucik há o sentido não só de um cantor da liberdade mas de um construtor da liberdade e da paz..."      

Aconselho todos a lerem o relato de Julius Fucik, Reportagem sob a Forca. E aí entenderão o significado do que é ser comunista. 

Deixo aqui um trecho, digitado por mim, diretamente do livro: 

"Capítulo V 

FIGURAS E FIGURINHAS I 

Só peço uma coisa: que os que sobreviverem a esta época não esqueçam. Não esqueçam nem os bons nem os maus. Reúnam pacientemente os testemunhos dos que caíram por si e por vós. Um dia o hoje pertencerá ao passado e falar-se-á de uma grande época e dos heróis anônimos que fizeram história. Gostaria que toda gente soubesse que não houve heróis anônimos. Eram pessoas que tinham o seu nome, o seu rosto, os seus desejos e as suas esperanças, e a dor do último deles não foi menor do que a dor do primeiro, cujo nome perdura. Gostaria que todos eles estivessem juntos de nós, como membros de nossa família, como nós próprios. 
    Foram exterminadas gerações inteiras de heróis. Amem ao menos alguns deles, como se fossem um filho ou uma filha, e sintam-se orgulhosos dele como de um grande homem que viveu para o futuro. Cada um dos que serviram fielmente o futuro e caíram para o tornarem mais belo é uma figura esculpida em pedra. E cada um daqueles que, com o pó do passado, quiseram construir um dique para deter a revolução não é mais do que uma figurinha de madeira, ainda que tenha os braços carregados de galões dourados. Mas é necessário ver também as figurinhas vivas na sua infância, na sua imbecilidade, na sua crueldade e no seu ridículo, porque é um material que nos servirá para o futuro. 
Eu só posso contribuir com o material que corresponde à declaração de uma testemunha. É limitado e sem espaço no tempo, tal como pude vê-lo na minha pequena frente de luta. Mas contém traços de uma verdadeira imagem da vida: os traços dos grandes e dos pequenos, das figuras e das figurinhas." 


De tudo o que já escrevi nos blogs da vida, este tópico, sem dúvida, foi o que mais emocionou. Julius Fucik nunca será esquecido bem como todos os outros que assim como ele, lutaram pelo justo, pelo bom e pelo melhor. 

Termino com o trecho final do livro de Fucik: 

"Também minha obra se aproxima do fim. Não posso descrevê-lo. Não o conheço. Já não é uma obra. É a vida. 
E na vida não há espectadores. 
A cortina sobe. 
Homens: amei-vos. Estai vigilantes!  
09-VI-1943" 
Julius Fucik  

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