TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Palmas e nada mais

Manhã no aterro do Flamengo,
na réstia do terreno defronte do Passeio Público,
da janela do ônibus em que estava,
a celebração da humanidade,
uma roda de pessoas batendo palmas.

Para algo que havia acontecido,
palavras que abriram os céus,
cantos das pressões dos ventos alísios,
orações que atordoam a fatalidade,
uma cinta de solidariedade e amor.

Mas poderia ser aquela uma seita?
De candomblé sincrético na variante raça?
Alça da escada social de uma igreja evangélica?
Liga revolucionária da teologia do oprimido?
Seria algo carimbado parte do conflito?

Como palmas ao discurso fascista?
Tremores de uma epifania terrorista?
A hierarquia de um palco positivista?
Graças de uma alegria neoliberal?
Seria?
O que importa o seria?

Menos humano que da janela vi,
pergunta alguma encontraria,
nem lixos das idéias em luta,
ou móveis que justificam o ser no mundo,
nem uma causa que as palmas aplaque.

E do intervalo de interrogações,
esperei o sinal abrir em verde,
andando com um coração vermelho,
eram palmas da liturgia de ser humano,
e sem perguntas trouxe o momento até aqui.

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