TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE

domingo, 10 de maio de 2009

Retina

O papagaio desbotado
com pilhas enferrujadas
reina soberano preso à grade
da área de serviço.

O dorso fustigado
ontem pela chuva
agora pelo sol.

Entre uma samambaia
e tentáculos de trepadeira
seu silêncio de plástico
é adornado.

Cabisbaixo entrega a alma
ao desdém dos que habitam
a última morada.

O bico curvo
quase encosta no chão.

Papagaio, não se desanime -
Há eternidade em outro paraíso
para os suvenires sem memória.

Um comentário:

Marcos Vinícius Leonel disse...

Imagética impagável.

Se existe uma pergunta sem pertinência nenhuma é: pra que serve a poesia?

abraço irmão