TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE

sábado, 9 de maio de 2009

Vacilão

Embora as palavras disfarcem
tenho um espírito medieval.

Carrego nos bolsos
dardos envenenados.

Bilhetes conspiratórios.
Ciúmes.


Sempre pronto
pra lançar à fogueira
o corpo de quem muito amo.

Aquele que vê meus olhos
e ouve minha voz
supõe -

Que meigo rapaz.

Engano.

Sou um verdugo.
Um sádico.

Sempre o primeiro
a envolver no pescoço
de quem muito amo
uma corda farpada.

Embora as palavras amenizem meu estado grotesco
dentro do meu coração se contorce um ninho de cobra.

Sou um capataz.
Um doente.

Um velho bruxo
que não levanta mais.

2 comentários:

Carlos Rafael Dias disse...

O poeta é mais cruel do que o seu verdugo.

Marcos Vinícius Leonel disse...

Ducaralhoaquatro,
assim eu me sinto leitor.