TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE
domingo, 28 de junho de 2009
A BUSCA DA UNIDADE: ESPIRITUAL-SOCIAL-INDIVIDUAL
PENSAMENTO PARA O DIA – 28/06/2009
Qual é a mensagem de SAI? 'S' representa a Espiritualidade, 'A' representa a Associação e 'I' representa o Indivíduo. Isso quer dizer que você deve dar prioridade à espiritualidade; depois da espiritualidade, à sociedade (associação); e somente por último prestar atenção ao interesse individual. Mas hoje o homem segue a ordem inversa, ou seja, ele mantém seu interesse individual acima de suas responsabilidades sociais, dando ainda menor importância à espiritualidade. Como conseqüência, ele está se distanciando de Deus. Em primeiro lugar, o homem deveria tomar o caminho da espiritualidade e, então, servir à sociedade, entendendo o princípio da unidade. Somente então haverá progresso no nível individual.
SATHYA SAI BABA
A BUSCA DA UNIDADE
(RENÉE WEBER - SÃO PAULO: CIRCULO DO LIVRO - 1990):
"Repetidamente, e por muitos anos, tentaram falar-me a esse respeito, de ambos os lados do espectro - cientistas e místicos -, mas sem êxito. Às vezes minha mente - longamente treinada nos rigores da filosofia - quase se convence, vencida por algum argumento cuja validade não consigo rejeitar na hora. Mas, pouco depois, isso se dissipa novamente, por não ter ido suficientemente fundo nem me tocado o cerne que persiste em resistir àquilo. Outras vezes, ouvindo meus colegas discorrerem sobre filosofia no estilo modesto e comedido que se tornou a maneira oficial de fazer filosofia americana - tomar pequenos problemas que se encaminham por si mesmos à solução -, descubro que sou uma desgarrada, pois não me contento com nada menos que o todo. É um sentimento estranhado em mim. Está comigo desde a infância, acompanhando-me nos anos de estudo nas melhores universidades, onde permaneceu camuflado por prudência.
E ainda permanece. Tem sido o substrato, a escala pela qual avalio toda verdade específica com que me deparo.
Trata-se do sentido da unidade das coisas: homem e natureza, consciência e matéria, interioridade e exterioridade, sujeito e objeto; em suma, a percepção de que tudo isso pode ser reconciliado. Na verdade, nunca aceitei sua separatividade, e minha vida - particular e profissional - foi dedicada a explorar sua unidade numa odissëia espiritual.
...No meu diálogo mais profundo se deu no silêncio; no Nepal, aonde fora para ver o Himalaia. Sua grandiosidade, calma e beleza sobrenatural tocaram-me tão fundo que essas montanhas passaram a ser o meu símbolo de aspiração espiritual. Avistá-las evoca um sentimento de reverência diferente de tudo o que já presenciei, exceto, talvez, a visão de uma galáxia de centenas de bilhões de estrelas.
...A beleza e a profusa variedade de suas formas funcionaram como fonte de real significado em minha vida, e desde o começo senti uma afinidade com os frutos da natureza: animais, plantas, rochas, florestas, águas, terra, céu, e até as remotas galáxias e estrelas. Ninguém me ensinou isso; simplesmente despertei para o mundo convicta de minha ligação com aquelas coisas. Esse sentimento, comum na infância e freqüentemente perdido quando crescemos, permaneceu comigo.
Só bem mais tarde aprendi os nomes desses sentimentos - imanência e transcendência de uma força na natureza - e soube que outros sentiram a mesma coisa e escreveram a esse respeito. A busca da fonte moldou minha vida e meu trabalho. O que realizei de importante o fiz na esperança de penetrar os véus que ocultam a face da natureza.
Empreendi o estudo da filosofia na universidade porque a filosofia parecia sustentar a promessa de conduzir além desses véus, de descortinar a realidade por trás das aparências. Nessa crença, fui encorajada por Platão, o primeiro filósofo com quem travei conhecimento. Foi o começo de uma jornada intelectual e espiritual.
Entretanto a filosofia, por sua vez, não pode, por si mesma, cumprir o que parece prometer. Ela parte de um ponto muito distanciado do estudo dos processos da natureza, e, em sua roupagem moderna, ignora a natureza como um todo, deixando essa tarefa para os cientistas. Busquei a estrutura íntima das coisas, que - embora tenha sido outrora campo de atuação filosofia - tornou-se no século passado o âmbito da ciência. A física, um passo mais próximo da natureza, parece debruçar-se sobre a estrutura íntima, mas descobri, anos depois, que o misticismo se aproxima mais de tudo por ser mais abstrato, e, também, mais penetrante que a ciência, mais obcecado pela simplicidade e a unidade. Tal fato está contido na ordem severa de Eckhart: "Para descobrir a natureza em si, todas as suas formas devem ser despedaçadas".
Cada um desses domínios oferece sua recompensa, uma parte daquilo que procuro, mas revela lacunas. Sozinho, nenhum pode proporcionar uma visão coerente das coisas. Fritz Kunz (como assinalei nos créditos) foi quem me conscientizou de que busco a integração de tudo - filosofia, ciência, misticismo - e de que essa busca não é vã, apenas prematura. Só nas últimas décadas é que o movimento rumo à unidade desses domínios floresceu na cultura americana, e ainda assim no seio de uma minoria, que, entretanto, vai crescendo mais e mais.
...A filosofia, ao tempo em que a estudei (universidades da Pensilvânia, Colúmbia e Sorbonne), praticamente abandonou seu objetivo original - o "amor à sabedoria" -, em virtude do qual fora batizada. Nos últimos três séculos, a concepção de filosofia foi desaparecendo, estando quase extinta em nossos tempos. Qualquer filósofo profissional, apanhado no ato de "buscar a sabedoria", torna-se suspeito, é sutilmente colocado no ostracismo e tido como - só exagero um pouquinho - um perigo para (a carreira de) seus alunos".
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