Quero meter meus pés
no terreiro sujo bostinha de galinha.
Subir no alto da mangueira
e alcançar aquela nuvem brincalhona.
Meditar sobre os vizinhos
diante dos túmulos da província.
Quero ainda experimentar o último cigarro
feito da palha de bananeira.
São tantas saudades
para um miserável.
Tanta mendicância
para um fidalgo.
Uma alma que vive escondida
debaixo da cama dos avós portugueses.
Uma mente demoníaca
com ares infantis.
Posso mesmo criar lombrigas
ou quebrar a cervical.
O terreiro é úmido de vermes.
A mangueira balança e assusta com o vento.
São tantas saudades
para um Bufão.
Um comentário:
Poeta, camarada e irmão
Sempre atento para o dia que surge
Se é dia branco, encaremo-o
Se é feriado, comemoremos
Amanhã é sexta e recitarei
O seu poema na Rádio Educadora
Com a voz grave e elegante
para honrar o seu poema
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