Geopark Araripe continua a fomentar iniciativas análogas noutras partes do Brasil
Alexandre Sales (*)
Alexandre Sales (*)
A Unesco define o projeto de um geopark como uma área, com limites definidos, abrangendo determinado número de sítios geológicos de relevo. Ou mesmo um mosaico de entidades geológicas de especial importância científica, raridade e beleza – que seja representativa de uma região e da sua história geológica, eventos e processos – possuindo não só significado geológico, mas, também, relevância ecológica, arqueológica, de história e cultura.
A Unesco vem incentivando a criação de novos geoparks no Brasil e, para tanto, utiliza como modelo a ser seguido o Geopark do Araripe, o primeiro das Américas. Este fica localizado no sul do Ceará e abrange seis municípios na região do Cariri. O Geopark Araripe foi implantado pela Universidade Regional do Cariri – durante a gestão do reitor André Herzog – e hoje é administrado pelo Governo do Estado do Ceará.
Entre os dias 16 e 19 de junho ocorreu em Campo Grande (MS) um workshop para discussão da futura gestão do segundo geopark do Brasil e do continente americano: o Geopark da Serra da Bodoquena-Pantanal. O evento ocorreu no Centro de Convenções Rubens Gil de Camilo, na capital sul-matrogrossense. Ali foram discutidas estratégias de preservação e desenvolvimento com base em ações educativas e roteiros turísticos focados no patrimônio geológico–paleontológico-arqueológico exemplificados nos Geoparks Araripe e no de Naturtejo, de Portugal.
Estiveram presentes a este evento, representantes das Universidades de São Paulo (USP), de Brasília (UNB), da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS, da Universidade Regional do Cariri (URCA) e da Universidade Estadual do Ceará (UECE).
Entre os palestrantes destacamos os professores André Herzog e Alexandre Sales – que juntamente, com o professor Gero Hilmer (da Universidade Hamburgo, Alemanha) – formaram o tripé para a implantação do único geopark do País, o do Araripe. Também presentes os técnicos Emanuela Lima e Marcelo Carvalho, da Secretaria das Cidades do Governo do Ceará, bem como Olga Paiva, do Iphan-Ceará.
O território que abrigará a nova área de preservação possui diversos aspectos característicos de um geopark nos moldes da Unesco, como a presença de fósseis de preguiças-gigante, tigres-dente-de-sabre e mastodontes. Além destes, fósseis dos primeiros seres vivos surgidos no planeta - há mais de 560 milhões de anos -, sendo um desses fósseis, a Corumbella, em homenagem a Corumbá, onde o fóssil foi descoberto. O local também abriga diversos sítios arqueológicos e históricos relevantes que contam a história da mineração em Corumbá e a Retirada da Laguna e também um rico patrimônio cultural traduzido pelo modo de vida pantaneiro, pelas artes gráficas e cerâmicas terena e kadiwéu, dentre outros.
Vale destacar, por oportuno, que o surgimento do Geopark Araripe também influenciou o projeto de criação do Geopark do Quadrilátero Ferrifero, em Minas Gerais, onde a historia da mineração concorre com a cultura local e o desenvolvimento daquela área. Este, um novo geopark que surgirá em breve tendo como modelo o nosso Geopark Araripe.
(*) Alexandre Sales é geólogo e professor adjunto da Universidade Regional do Cariri.
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