A única forma de conquistar a morte
é tapando-lhe a respiração com fumaças.
Beba dos meus sonhos, Senhora.
Nenhum deles é decente.
Meus pulmões choram cinzas
mas enganam bem as visitas.
A tosse só vem de madrugada
quando todos dormem
e felizes roncam.
Beba das minhas lágrimas, Senhora.
Dissimuladas com gelo nas pontas.
Meu fim não se aproxima.
Meu abismo não me abraça.
Clamo pelo céu azulado.
Invoco o cinzeiro do inferno.
Nuvens brancas algodões sobre minha cabeça.
Pontas de cigarro acesas nos meus pés.
Meus desejos se realizam a cada porre
no final do corredor escuro.
Beba da minha loucura, Senhora.
Minha alma é uma corda de viola solta.
Um comentário:
Domingos, sempre Barrosíssimo.
Se fosse a corda solta da viola seria uma corda solta.
Mas escreveu a corda da viola solta, a corda não está solta da viola, a viola é que é solta. Bravo!
Pensei que senhora fosse usado só para mulher casada, mas descubro que é pela idade da mulher quando um vendedor diz:-pois não, senhora...corrigo involuntariamente:-senhorita.Um termo inglês britânico, por que não simplesmente:-pois não, em que posso servir? E senhorita corresponde a solteira, ou a jovem? Senhora então seria "não mais jovem"?
Enfim, é sinal de respeito, dizem os vendedores, eu só agradeço.
Bebendo sua loucura, beijos.
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