Um garoto serelepe passeava pela calçada de uma tranqüila rua, que ficava nos arredores do centro da cidade, quando encontrou junto ao lixo de uma das casas uma lâmpada fluorescente intacta.
Para estar no lixo, o leitor deve presumir que, no mínimo, ela estava queimada.
Entusiasmado com o que vira, o garoto preparou-se para não ser flagrado e retirou, com todo melindre que lhe convinha, a lâmpada do meio de todo aquele entulho. Segurando-a em uma das mãos, saiu saltitante rua abaixo até ficar longe de onde a encontrara.
Agora o leitor deve estar se perguntando o motivo pelo qual tanto entusiasmo e, depois, tanto cuidado com a lâmpada. Calma, eu explicarei.
É que o menino ouvira há algumas semanas uma história em que se esfregava uma lâmpada e, em meio a uma cortina de fumaça, surgia um gênio mágico que realizaria três desejos para quem o libertara. Como o garoto nunca vira a imagem da lâmpada de Aladin, achou que qualquer lâmpada serviria para repetir a história.
Sendo assim, esfregou com muita vontade a fluorescente, mas nada aconteceu. Esfregou, esfregou, esfregou e nada. Continuando o processo sempre com mais força e velocidade descuidou-se e deixou a lâmpada cair. Ela quebrou e logo subiu um pó branco, típico do interior dessas lâmpadas. Observando aquela espécie de fumaça ele pensou: “Agora terei três desejos. Agora verei o gênio e terei três desejos!”.
Mero engano.
O pó entrou nos olhos do menino antes que qualquer gênio aparecesse.
Ele então se tornou um garoto serelepe cego.
Thiago Assis F. Santiago
Um comentário:
Thiago,
meu rapaz -
sutil e inesperado texto.
Muito bom,
simples e mágico.
Parabéns.
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