Sou forte, seu moço.
Meu corpo tem uma liga plasmática
que junta os tendões à alma tristonha
de maneira surpreendente na hora do abismo.
Contemplo com mais nitidez
os ninhos dos pássaros
e as covas dos dragões.
A madrugada sinistra,
o entardecer melancólico
são meus braços e minhas pernas
dentro de um saco de estopa.
A escuridão é verdadeira, seu moço.
Mas quem tem sobrando querosene
basta acender uma palavra no pavio.
E cresce a labareda
e aumenta a chama.
Me encolho todo,
rasgo-me o ventre -
feliz da vida,
contente da morte.
2 comentários:
Domingos: gostei muito. Um dos seus poemas especiais e leio todos que aqui passam.
Eu, lendo, gostando, e falando... pouco.
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