Dedico este texto ao Cariricult, especialmente ao Marcos Leonel, José Flávio, Carlos Rafael, Salatiel, Lupeu, Wilson Bernardo, Maurício Tavares, Dihelson Mendonça, Sávio, Chagas, Marta F., Socorro Moreira, Claude Bloc e Domingos Barroso. Dedico especialmente a estes pela garra com que sustentam este blog e fa (zem) (lam) de (_) arte.
Se fizer um apanhado destes quase três anos de Cariricult terei uma cesta valiosa de contatos com diversas gerações da região os quais jamais teria sem o blog. Excetuando um ou outro, todos me são posteriores em idade e vida na cidade. Além destes contatos participei de intenso burburinho de embates, de vagas de nostalgias, de acervos do cotidiano, de emergências daquilo em acontecimento, da matéria e assuntos ainda nesta manhã. Não poderia, em termos de satisfação, ter tido melhor oportunidade. Agradeço a todos por estes momentos.
Alguns achados os tive. Não bem universais, para alguns não, mas sei que para outras pessoas o seriam. O primeiro destes é o estímulo inerente do blog para que tenhamos iniciativas: de versejar, dizer o que pensa, relembrar, contar, resenhar, trazer conteúdos de outro lugar etc. Apenas isso já justificaria o blog. Mas tem mais, seguindo um termo do Darcy Ribeiro com quem trabalhei, é o “fazeção”. É fazendo que as estruturas ou as circunstâncias acontecem. Não existe arte não expressada, guardada, apenas sonhada. Mesmo se sonhada, pode ser arte uma vez relatada. Fazer é um achado de cada um e todos fizeram.
Outro achado que ainda se encontra em aberto: qual o significado da crítica? Aqui falo dela como uma base filosófica mesmo, como aquela necessária avaliação do tempo, do espaço e do objeto. Neste sentido a crítica se encontra em aberto entre uma centralidade pessoal e a universalidade da prática na experiência humana desde sempre. Numa era de quebra de cânones e ícones nas artes, um personalismo que pode surgir é o do iconoclasta militante. Uma espécie de quebra quilos da revolução pernambucana (?). Existe outro do qual todos nós de algum modo (me incluo como tal) temos prática e que decorre da condição intelectual. Este personalismo é um pouco decorrente do acesso à história e à crítica da arte em qualquer época, especialmente agora, quando tendemos para a observação do objeto com algumas métricas e normas.
Onde encontraríamos a crítica menos pessoal e mais universal, o que alguns chegaram a chamar mais científica (condicionada, referenciada e provada)? No meu limite ainda não a vi de todo: participei de grupos artísticos que a desejavam e não conseguiram; como de partidos políticos que a tinham até como doutrina e terminaram prisioneiro da própria autojustificativa. De qualquer modo um bom senso seria que a crítica fizesse parte do objeto e não do autor. É difícil, dado que os autores se filiam a escolas em luta, se organizam em toda natureza política humana e no limite é impossível a separação autor e objeto. Para um blog coletivo a prática da crítica sobre a obra é interessante por vários motivos.
O primeiro deles é que uma crítica centrada no autor já dispersa a natureza do coletivo com base em convite feito a pessoas antes mesmo de suas contribuições no blog. Antes que alguém lembre: a crítica tem, entre outros, componentes de avaliação positiva ou negativa da arte. Nas duas valorações existe a questão da crítica pessoal. Penso que a crítica centrada no autor tende a práticas de exclusão ou inclusão de pessoas ou de suas iniciativas. Considero que se alguém prefere fazer apenas críticas negativas ou positivas na matéria postada, mas o faz centrado no objeto, este é apenas um método de abordagem, não salienta a questão pessoal.
Não fundamos uma estética, não criamos uma escola, continuamos uma constelação de individualidades. Mas se tivermos a capacidade de fazer apanhados e tentar identificar similaridades e diferenças, talvez seja válida a tentativa de traçar um perfil, embora em bases não sólidas do que nos é comum, o cariri e o Crato. Talvez nem todos tenha isso como traço do dia, mas esta base histórica é um dado, mesmo que pequeno.
Se fizer um apanhado destes quase três anos de Cariricult terei uma cesta valiosa de contatos com diversas gerações da região os quais jamais teria sem o blog. Excetuando um ou outro, todos me são posteriores em idade e vida na cidade. Além destes contatos participei de intenso burburinho de embates, de vagas de nostalgias, de acervos do cotidiano, de emergências daquilo em acontecimento, da matéria e assuntos ainda nesta manhã. Não poderia, em termos de satisfação, ter tido melhor oportunidade. Agradeço a todos por estes momentos.
Alguns achados os tive. Não bem universais, para alguns não, mas sei que para outras pessoas o seriam. O primeiro destes é o estímulo inerente do blog para que tenhamos iniciativas: de versejar, dizer o que pensa, relembrar, contar, resenhar, trazer conteúdos de outro lugar etc. Apenas isso já justificaria o blog. Mas tem mais, seguindo um termo do Darcy Ribeiro com quem trabalhei, é o “fazeção”. É fazendo que as estruturas ou as circunstâncias acontecem. Não existe arte não expressada, guardada, apenas sonhada. Mesmo se sonhada, pode ser arte uma vez relatada. Fazer é um achado de cada um e todos fizeram.
Outro achado que ainda se encontra em aberto: qual o significado da crítica? Aqui falo dela como uma base filosófica mesmo, como aquela necessária avaliação do tempo, do espaço e do objeto. Neste sentido a crítica se encontra em aberto entre uma centralidade pessoal e a universalidade da prática na experiência humana desde sempre. Numa era de quebra de cânones e ícones nas artes, um personalismo que pode surgir é o do iconoclasta militante. Uma espécie de quebra quilos da revolução pernambucana (?). Existe outro do qual todos nós de algum modo (me incluo como tal) temos prática e que decorre da condição intelectual. Este personalismo é um pouco decorrente do acesso à história e à crítica da arte em qualquer época, especialmente agora, quando tendemos para a observação do objeto com algumas métricas e normas.
Onde encontraríamos a crítica menos pessoal e mais universal, o que alguns chegaram a chamar mais científica (condicionada, referenciada e provada)? No meu limite ainda não a vi de todo: participei de grupos artísticos que a desejavam e não conseguiram; como de partidos políticos que a tinham até como doutrina e terminaram prisioneiro da própria autojustificativa. De qualquer modo um bom senso seria que a crítica fizesse parte do objeto e não do autor. É difícil, dado que os autores se filiam a escolas em luta, se organizam em toda natureza política humana e no limite é impossível a separação autor e objeto. Para um blog coletivo a prática da crítica sobre a obra é interessante por vários motivos.
O primeiro deles é que uma crítica centrada no autor já dispersa a natureza do coletivo com base em convite feito a pessoas antes mesmo de suas contribuições no blog. Antes que alguém lembre: a crítica tem, entre outros, componentes de avaliação positiva ou negativa da arte. Nas duas valorações existe a questão da crítica pessoal. Penso que a crítica centrada no autor tende a práticas de exclusão ou inclusão de pessoas ou de suas iniciativas. Considero que se alguém prefere fazer apenas críticas negativas ou positivas na matéria postada, mas o faz centrado no objeto, este é apenas um método de abordagem, não salienta a questão pessoal.
Não fundamos uma estética, não criamos uma escola, continuamos uma constelação de individualidades. Mas se tivermos a capacidade de fazer apanhados e tentar identificar similaridades e diferenças, talvez seja válida a tentativa de traçar um perfil, embora em bases não sólidas do que nos é comum, o cariri e o Crato. Talvez nem todos tenha isso como traço do dia, mas esta base histórica é um dado, mesmo que pequeno.
5 comentários:
Zé,
É um grande merecimento nosso tê-lo entre nós!
Um abraço fraterno.
José do Vale,
Gostei demais do seu texto, pleno em equilíbrio e íntegro em sua análise,
Abraço,
Claude
"Se todos fossem iguais a você, que alegria viver !"
José do Vale Pinheiro Feitosa,
somente em saber que a poesia
é sentida por suas vísceras
e por sua alma -
já me sinto grato.
Um forte abraço.
Caro José,
O fato de que a crítica trabalha com a avaliações positivas e negativas não deveria ser motivo para que se desse numa base que está no centro das preferências de certos críticos, ou no seu estado de espírito. Por mais duro que possa parecer, a objetividade é um imperativo.
Algo essencial na arte existe que pode ser apropriado pela crítica, dando à objetividade de seu discurso um tom que o aproxima da beleza. É a imaginação. Como é triste um crítico sem imaginação. Um espírito que não usa a informação de que dispõe a serviço da iluminação do problema na obra de arte, para iluminar os defeitos que ela tem. Mas os defeitos da obra precisam ser apontados nela. A transposição do objeto da crítica da obra para a pessoa do autor é --na melhor das hipóteses-- uma pobreza de imaginação; não necessariamente uma pobreza de bagagem intelectual. Pois o sujeito pode ter lido de deus ao diabo, mas seu discurso não atravessar as fronteiras do objeto. Ao invés de determinar-se pelo objeto que descreve, determinar-se pela má vontade, pela maledicência. A maledicência em nome do espírito polêmico. Isso é terrível.
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