TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE

domingo, 5 de julho de 2009

impossibilidade

não sabes quão duro foi não escrever
os mínimos versos para desentulhar o coração
território ladeado de gente sem futuro

sonho impossível aos que viriam
e viveriam apinhados ao redor da cidade
cachorros no escuro

como seria possível?
como seria possível um mundo
cujos caminhos levam à periferia
um mundo de portas que abrem compartimentos
escuros e fétidos?
como é possível um mundo
onde a dor é parte de sua estrutura?

se sorrires ele se acaba um pouco
com sede de tua dor

por isso não foram
escritos aqueles versos

no silêncio
fez-se uma lavoura

de
p a l a v r a s

3 comentários:

Rede Social do Cariri disse...

Olá!!!

Primeiramente gostaria de parabenizar o Blog pelo trabalho que têm realizado.

Gostaria de formalizar uma parceria entre este Blog e a Rede Social do Cariri para troca de divulgação entre ambos. Caso esteja interessado (a), favor entrar em contato comigo através do email: rscariri@gmail.com.

Desde já agradeço na esperança de uma resposta positiva.

Rede Social do Cariri:
http://cariri.ning.com/


Desde já agradeço e

José do Vale Pinheiro Feitosa disse...

Chagas mostra toda a sua consciência social nestes versos. Aliás esse engajamento poético é uma das mais difíceis lições da literatura. Sem cair no panfleto político apenas. Chagas consegue, pois tem suor, tem feridas e cicatrizes; tem dor e amargor nesta megalópole que se diz locomotiva. O Francisco pergunta: qual a próxima estação que querer mudar os rumos da locomotiva?

chagas disse...

Caro José,

Chega a ser um privilégio ouvir as palavras de alguém como você. Palavras de um cara sábio, sóbrio e muito generoso. Leitor de espírito desarmado, cuja perpectiva crítica é das mais finas, profunda. Em suas palavras existem observações providas de um sentido crítico tão refinado que chega a ser poético. Sorte nossa, que postamos poemas neste blog, ter um leitor assim.