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quinta-feira, 30 de julho de 2009

INCORPORAR SÃO PAULO AO PROJETO NACIONAL

Quando alguém me lembra o FLA x FLU político entre FHC x LULA no Brasil de hoje, normalmente este tem antipatia pelo atual governo. Muito simples de concluir: FHC é passado, normalmente quem lembra não gostou de algo que não deixe mal o atual governo. Esta frase é a mesma de quem diz não gostar de política, anunciada de um modo a quase explicitar: eu não gosto do teu lado político.

A questão efetiva é que todos falam de uma terceira via para o Brasil, mas esta não aparece. Aliás, a terceira via nem bem se sustenta num dos países que alcunhou a alternativa: a Inglaterra. As lideranças da terceira via estão no ocaso (Blair, Clinton, FHC etc.) e a alternativa normalmente serviu de discurso para se contrapor à hegemonia dual da Esquerda e Direita.

Aqui no Brasil e terceira via é mais esdrúxula ainda, pois a base da hegemonia PT e PSDB é territorial: tem por centro São Paulo. A questão é essencialmente política e por incrível que possa parecer depende muito de que surjam partidos fortes fora do eixo paulista. Neste sentido o PMDB, o PDT, PSB e até o DEM poderiam ser a matriz de algo neste sentido.

A dificuldade se encontra em parte pelas agruras do sul, especialmente o Rio Grande do Sul e a Santa Catarina que não surgiram como os grandes vitoriosos do comércio sul americano. Ressentidos com o modelo centrado em São Paulo, a cada dificuldade, como os desastre das chuvas recentes em Santa Catarina, vem uma transferência de rancor com os nordestinos, por desculpas da política fiscal.

O Fla X Flu que a interlocução acima não gosta é o reflexo da disputa política do momento. Os principais candidatos do futuro próximo pertencem aos partidos “paulistas”, interditam o debate através da hegemonia em que o ponto fixo da felicidade no horizonte é o sonho de uma aliança PT e PSDB para governar definitivamente o Brasil.

Pelo raciocínio deste texto, precisa-se de certa confusão na fórmula paulista. A região sul não pode ser um mero corredor de mercadorias e uma esponja para absorver a gripe suína. O nordeste não pode se resumir a ter seus pequenos municípios sustentados pelo dinheiro dos aposentados e, como única alternativa, o incentivo fiscal ou o turismo.

A luta política para equilibrar mais os Estados e as regiões deve ultrapassar a discussão de como aperfeiçoar o modelo que está aí. Qualquer análise que não considere a questão de renda e emprego local, que não avalie com desconfiança a migração, inclusive de cérebros e por último os investimentos em infra-estrutura e em empresas, é mera correia de transmissão para esta hegemonia.

Observe-se que nos últimos 16 anos de governos paulistas nunca se viu um Projeto Nacional, incluindo infra-estrutura, desenvolvimento institucional, renda, emprego, educação, saúde, segurança pública, meio ambiente, inclusive o papel do país na política mundial.

Em síntese, politicamente, o país para avançar precisa refazer a discussão dos anos trinta e incorporar São Paulo ao projeto nacional e não ao contrário.

5 comentários:

Maurício Tavares disse...

Zé do Vale ("Vixe como tem Zé...)
Como todo paranóico, egoc~entrico (não necessariamente nessa ordem) me senti citado na referência ao fla X flu. Como quando era adolescente e morava em Crato torcia pelo Vasco tenho razões literais pra me sentir fora da disputa. Quando comentei seu texto usando a metáfora é claro que quis marcar que vocera Fla e seus rivias Flu ( a monarquia pó de arroz). Mas não me considero desinteressado por política. Votei em Lula, provavelmente votarei em Dilma (na falta de uma opção melhor) também por uma razão bem corporativa. Sou funcionário público federal e comemos o pão que o diabo amassou com FHC, meu coleguinha de profissão. Não chego a estar decepcionado como Dihelson, ele deve ter suas razões, mas às vezes é difícil engolir certas coisas desse governo Lula. Mas concordo integralmente com sua análise do papel de São Paulo na política nacional. Morei lá oito anos e sei o desprezo que o paulistano médio tem pelo resto do Brasil.

Maurício Tavares disse...

o comentário saiu cheio de erros de digitação mas não vou corrigi-los pois sei que essa atitude gera um mal estar no blog. aceito escrever na "novilíngua".

José do Vale Pinheiro Feitosa disse...

Maurício,
A coisa boa do blog é o que acabas de fazer. Na verdade você me deu o mote, mas não estavas entre os tais. Já conheço bem a tua posição. Poderia ter feito o reparo para que não houvesse qualquer confusão, mas aí seria pior, citando-o poderia inclui-lo onde não estavas. De qualquer modo poderia ter dado crédito ao mote e agora dou.

Mas tem Zé e muito, como tem Maria também. Agora já que na frase seguinte veio o egocêntrico, completo: mas Zé do Vale Pinheiro Feitosa só tem um, até o professor era Arraes Feitosa.

Unknown disse...

Só falta combinar com as forças sociais de São Paulo.

José do Vale Pinheiro Feitosa disse...

Darlan,

Conheço bem a frase do futebol. Mas efetivamente não falo de combinações. Estou especulando sobre a superação deste modelo concentrador com o raciocínio mais simples possível. Existem ocasiões que sinto este clima no debate político (a aversão ao modelo concentrado), mas tem outras ocasiões que não. Apenas para explicar por que respondo à tua curta frase: em 30 se fosse combinar com São Paulo nada mudaria, nem as instituições de proteção social e do trabalho existiriam. Além do mais qualquer história que revolucione modelos, politicamente se fazem com atores sociais e políticos nunca antes imaginados. Basta examinar a revolução de 30 como o quadro de Aliança foi se formando no calor dos eventos.