(FIGURAS RETIRADAS DA INTERNET)
No Princípio era o Verbo. E do Verbo nasceram as palavras. As palavras nasceram com a criação dos homens. E quando os homens se fizeram carnes, as palavras se fizeram psiques ou almas. E as psiques ou almas com suas palavras e corpos físicos foram habitar os espaços intelectuais e físicos na Terra. Na Terra as palavras se multiplicaram indefinidamente, criando outras tantas palavras e assim com o tempo povoaram diversos templos e lugares próprios. A Terra então se tornou a morada ou reino das criações das palavras e seus significados. As palavras cresceram e se transformaram, na fase adolescente, em idéias simples, idéias elaboradas de outras idéias e idéias de diversos tipos de valores. E assim naturalmente sofrendo as mutações do tempo e da história, influenciadas ainda pela proximidade do Verbo, amadureceram e se transmutaram em ideologias, lógicas e argumentos. Assim essas ideologias, lógicas e argumentos ganharam poder e assumiram o comando de diversos lugares na Terra. Esse poder se envaideceu e buscou sua própria autonomia em relação ao Verbo, e assim as palavras se sentiram soberanas e decidiram ser independentes do Verbo transcendental original.
O uso das palavras transmutadas e independentes produziu um mundo de fatos, encantamentos, especulações, deduções, induções, ficções, projeções e tragédias. Através das palavras “livres” a alma humana construiu contextos ou cenários inimagináveis, semeou valores, criou argumentos, arquitetou planos, produziu imagens, armou-se de instrumentos, seduziu desejos, planejou ações suicidas, defendeu crimes, acusou inocentes e por fim manipulou “verdades” interpretadas e invadiu consciências orientando seus contextos na direção das guerras e conflitos entre almas.
As palavras nunca eram o que pensavam ser. Elas não apenas representavam, mas também identificavam a natureza e o poder do seu criador. A alma fala aquilo que a palavra é em si mesma. Alma e fala são processos interdependentes e indissociáveis manifestados na palavra. A palavra é como a semente e o sêmen que semeiam e engravidam o solo e a consciência. A cultura do solo pela semente biológica; a cultura da consciência pelo sêmen ontológico da alma. A vida da alma floresce, nasce e renasce a cada nova percepção, interpretação ou reprodução. E o Verbo é como a luz invisível que atravessando um prisma se decodifica em diversas cores e matizes de palavras visíveis e audíveis. Mas, as palavras podem estar cinzas ou encardidas de mentira, esverdeadas de ódio, amarelas de melancolia, vermelhas de sangue, roxas de ódio e intolerância, e branca de paz.
Através do aperfeiçoamento das palavras, no curso da história das experiências anímicas, inventou-se a filosofia, a ciência e a religião. Através das palavras, a alma humana negou incrédula o Filho de Deus três vezes (confirmado pelo canto do galo); anunciou a independência de um povo (Independência ou Morte!); ordenou o massacre de milhões; orientou a desobediência civil através de um comando de não-violência; previu o futuro com séculos de antecedência; ficou perplexa com a multiplicação dos pães (oh!!!); anunciou a morte da história e de Deus.
A palavra várias vezes se vestiu de ovelha e iludiu o pastor humano; se vestiu de profeta e enganou os seguidores incautos e inocentes; se fez de liberdade e saltou as feras da exploração capitalista. A palavra, como um bumerangue, volta sempre contra o seu emissor ou lançador; como onda e partícula, se manifesta como a desejamos vê-la; como faca na mão de uma criança, se torna sempre perigosa e imprevisível; como lanterna, se abre ou se fecha, iluminando ou apagando a verdadeira realidade; como meio é caminho e marco de uma divisão; como fim é morte e vida nova.
Resumindo, por detrás de todas as palavras está o seu criador: o ser humano. Por detrás de todas os seres humanos está o seu Criador: o Verbo de Deus. O limite que separa as palavras e o Verbo é o mesmo que separa os homens e Deus. Através das palavras os homens se comunicam entre si. E através do Verbo, Deus se revela aos homens na consciência de si. A palavra tem poder na oração, compreensão, diálogo, representação, legalização, legitimação e criação de um mundo de direitos, deveres e significados humanos. Mas, somente o Verbo tem poder de salvação, cura e revelação da Verdadeira Lei no Amor de Deus. Feliz daquele que distinguir a diferença sutil entre o Verbo e as palavras “livres” no contexto de sua própria consciência. Nesse instante, acabará de vez a ilusão de percepção que isolavam a lógica e o argumento humano da Verdade Ontológica Criadora, ou seja, da Palavra-Princípio Sagrada: Deus!. Quando essa barreira criada pela ilusão de percepção acaba, o homem se torna de fato verdadeiro.
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