3º dia
A Rua como Suporte
Quinta, 06 de agosto
Horário: 18h30 às 19h30
Apresentador: Márcio Almeida (PE)
Márcio Almeida é artista com obras na Pinacoteca de São Paulo, Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM-SP) e Museu Santa Catarina. Participou da Documenta 12 - Kassel, na Alemanha, e da Bienal de Valencia, na Espanha, em 2007. Também é gestor cultural e coordenador da Semana Pernambucana de Artes (SPA), evento que envolve debates e intervenções urbanas na cidade de Recife (PE).
Durante a década de 1970, mesmo sobre o olhar sombrio da ditadura, o Recife viveu um momento importante no circuito das artes visuais, especialmente no que diz respeito à arte conceitual e ao experimentalismo. Durante esse período, dois artistas foram de fundamental importância para a formação de outros artistas e coletivos que viriam a surgir na cidade na década seguinte. Paulo Bruscky e Daniel Santiago realizaram ações, mostras, performances, festivais e possibilitaram a vinda, para a cidade, de artistas e obras importantes da vanguarda da arte nacional e internacional, como Christo, Regina Vater, Hélio Oiticica e José Roberto Aguilar, entre outros.
No início dos anos 1980, surgiram vários agrupamentos de artistas, sendo os primeiros "As Brigadas", que buscavam uma participação efetiva no campo político da cidade. Realizaram inovadoras formas de propaganda política eleitoral, driblando a censura (Lei Falcão) estabelecida a tais propagandas. Esses encontros estimularam o surgimento de vários grupos e coletivos de jovens artistas que passariam a utilizar as ruas como suporte para suas produções, dessa vez com práticas mais conceituais. Essa aproximAÇÃO foi fundamental na reestruturação do circuito local de artes visuais, ampliando as fronteiras da produção e da experimentação.
A Cidade como Espaço para a Arte
Quinta, 06 de agosto
Horário: 19h30 às 20h30
Apresentador: O Poro (MG)
O Poro é uma dupla de artistas formada por Brígida Campbell e Marcelo Terça-Nada!, que atua desde 2002 realizando ações poéticas, irônicas e/ou de cunho político. Através da realização de intervenções urbanas e ações efêmeras, o Poro procura levantar questões sobre os problemas das cidades e busca uma ocupação poética dos espaços. Seus trabalhos buscam apontar sutilezas, criar imagens poéticas, trazer à tona aspectos da cidade que se tornam invisíveis pela vida acelerada nos grandes centros urbanos - além de refletir sobre as possibilidades de relação entre os trabalhos em espaços públicos e os espaços institucionais, lançar mão de meios de comunicação popular para realizar trabalhos, reivindicar a cidade como espaço para a arte. Além do Brasil, o Poro realizou intervenções e participou de eventos, exposições e debates em outros países, como: Índia, Espanha, Holanda, Eslovênia e Áustria. Veja mais no site: www.poro.redezero.org .
Panorama da Arte em Espaços Independentes
Quinta, 06 de agosto
Horário: 20h30 às 21h30
Apresentadores: Lucas Ribeiro-RS e Ana Ferraz-RS (NOZ.ART)
Lucas Ribeiro, 30 anos, é jornalista, formado pela Unisinos (RS) e por quatro anos foi editor e redator da revista eletrônica de skate e cultura urbana Qix News, até 2007 funcionando como um dos maiores portais de informação desse segmento no mundo. Lucas também é conhecido pelo seu trabalho no vídeo Skatismo, do qual é sócio-fundador. Esse vídeo de skate de distribuição gratuita foi inovador pelo fato de abranger mais do que manobras, incluindo arte urbana e música independente como diferenciais em suas edições. Como sócio-fundador da Galeria Adesivo, espaço de arte que existiu de 2003 a 2009, em Porto Alegre, Lucas trabalhou na produção e curadoria de mais de 25 exposições com artistas nacionais e internacionais.
Ana Ferraz, 25 anos, é publicitária, formada pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), com passagens pelos cursos de jornalismo, ciências sociais e artes visuais. Trabalhou por três anos e meio em agências de Porto Alegre, fazendo direção de arte para clientes como Lojas Renner, Fundação Getúlio Vargas, Pepsi e Tubozan, entre outros. Ana também desenvolve um trabalho paralelo de ilustração, chamado iwannagoaway, que inclui ilustrações editoriais e de produtos.
Grande parte das expressões visuais ligadas a subculturas urbanas como punk, hip hop, graffiti e skate surgiram e se refinaram em um universo paralelo ao da arte institucionalizada - essa arte que é perpetuada pelo meio acadêmico, grandes museus, galerias, casas de leilões e todo um mercado específico. No cenário alternativo surgiram galerias de arte, publicações especializadas e outras vias de sustento econômico para os artistas, diferente da venda de obras, como o trabalho em conjunto com marcas que lançam tênis, pranchas de skate e camisetas com suas artes, entre outros produtos. Agora, vários artistas com essas raízes no underground - boa parte deles autodidatas - estão entrando ou sendo absorvidos por grandes galerias do circuito comercial, enquanto, por outro lado, galerias alternativas passam a suprir grandes colecionadores de arte. Esses dois universos, underground e mainstream, antes paralelos, agora interagem e transformam um ao outro. Um exemplo sintomático do que está acontecendo no mundo pôde ser visto recentemente na fachada da notória Fundação Cartier, em Paris, que recebeu a intervenção da artista brasileira mais "cara" da atualidade, Beatriz Milhazes. Pouco depois, em outra exposição, a mesma Fundação foi oficialmente pichada pelo pichador paulista Cripta. O fenômeno é global, mas o Brasil tem uma participação muito particular que ainda é pouco entendida dentro e fora do país, apesar do sucesso internacional de artistas como OS GÊMEOS, Herbert Baglione e Bruno 9li. No III BNB Agosto da Arte o curador/galerista/jornalista Lucas Ribeiro e a publicitária/produtora/jornalista Ana Ferraz, sócios do estúdio criativo NOZ.ART, de Porto Alegre (RS), vão aprofundar a percepção sobre esse panorama através das suas experiências, tanto com a produção de exposições de arte em espaços independentes, quanto pela documentação desse cenário vibrante para veículos de comunicação nacionais e estrangeiros.
Responsável pela informação: Alexandre Lucas
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